
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro determinou, nesta terça-feira (17), a soltura do delegado Allan Turnowski, ex-secretário da Polícia Civil do Estado. Ele deixou o presídio pouco antes das 15h, após o desembargador Marcius da Costa Ferreira, da Sétima Câmara Criminal, atender ao pedido liminar da defesa, alegando que não há riscos que justifiquem a manutenção da prisão preventiva.
Segundo o magistrado, a decisão se baseou na “postura colaborativa” de Turnowski e no fato de os crimes imputados não envolverem violência ou grave ameaça. No entanto, o ex-secretário deverá cumprir medidas cautelares, como:
- Proibição de entrada em repartições da Polícia Civil ou da Secretaria de Segurança Pública do RJ;
- Proibição de contato com outros denunciados, por qualquer meio;
- Proibição de deixar o país;
- Obrigatoriedade de entregar o passaporte à Justiça.
Réu por corrupção e associação criminosa
Turnowski é acusado de integrar uma organização criminosa e de receber propina de contraventores ligados ao jogo do bicho. Ele sempre negou as acusações. Em nota, o advogado Ary Bergher criticou a prisão preventiva e classificou a detenção como uma “antecipação de pena”, ressaltando que o ex-secretário já respondia ao processo em liberdade há três anos.
“A defesa está confiante de que todas as circunstâncias do caso serão devidamente esclarecidas”, afirmou Bergher.
Prisões e acusações anteriores
O ex-secretário foi preso no último dia 6 de maio, após mandado expedido pelo Tribunal de Justiça do RJ, com base em decisão da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Em setembro de 2022, Turnowski já havia sido detido pelo Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Estado do Rio.
As investigações apontam que Turnowski teria vínculos com o delegado Maurício Demétrio, preso desde 2021 por corrupção e acusado de manipular operações policiais. Ambos são apontados como aliados de contraventores como Rogério de Andrade e Fernando Iggnácio, este último assassinado em 2020.
Histórico e trajetória na Polícia Civil
Turnowski foi nomeado chefe da Polícia Civil do RJ em 2010, durante o governo Sérgio Cabral (MDB). Saiu do cargo em 2011, após suspeitas de vazamento de operação da Polícia Federal — caso posteriormente arquivado por falta de provas.
Em 2020, retornou ao comando da pasta, agora transformada em secretaria estadual. Em sua gestão, lançou uma força-tarefa contra milícias, que prendeu mais de 1,2 mil suspeitos até março de 2022, além de promover reformas em 25 delegacias e criar um novo centro de inteligência.
Contudo, Turnowski também foi alvo de fortes críticas pela operação no Jacarezinho, em maio de 2021, que resultou na morte de 28 pessoas, considerada a mais letal da história do RJ. Apesar disso, ele defendeu a ação da polícia e ressaltou a legalidade da operação.
Mesmo com restrições do STF para operações durante a pandemia, o número de ações aumentou entre 2020 e 2021 sob sua gestão.