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Feminicídio: CODIM divulga nota de repúdio e pesar pelo crime bárbaro ocorrido hoje em Niterói

Feminicídio: CODIM divulga nota de repúdio e pesar pelo crime bárbaro ocorrido hoje em Niterói

Uma jovem de apenas 22 anos morreu ao ser esfaqueada nesta quarta-feira (2) na Praça de Alimentação do Plaza Shopping Niterói. O autor do crime que chocou a cidade, tem 21 anos e foi preso em flagrante por policiais civis da 76ª DP. O Corpo de Bombeiros foi acionado para a ocorrência às 13h12 e a vítima chegou a ser socorrida, mas chegou sem vida ao Hospital Estadual Azevedo Lima (Heal).

Segundo as investigações, a vítima, que fez aniversário no último domingo (30/05), e o autor eram colegas e estudavam na mesma sala em curso técnico de Enfermagem.

Os agentes trafegavam próximo ao shopping, no Centro de Niterói, quando foram acionados por populares que informaram sobre a presença de um homem armado na praça de alimentação. Imediatamente, os policiais foram ao local, capturaram o autor e apreenderam a faca utilizada no crime brutal, comprada minutos antes.

A equipe da 76ª DP apurou com amigos da vítima que o autor nutria um amor não correspondido, revelado recentemente após ele se declarar para a jovem. O autor foi levado para a delegacia e autuado por feminicídio. As investigações continuam para esclarecer o caso.

A Coordenadoria de Políticas e Direitos das Mulheres (CODIM) divulgou uma nota de repúdio e pesar ao terrível acontecimento, confira na íntegra:

“A CODIM – Coordenadoria de Políticas e Direitos da Mulheres/PMN vem por meio desta nota manifestar, em primeiro lugar, seu pesar e solidariedade à família da jovem que hoje teve sua vida ceifada de maneira torpe e cruel diante de centenas de pessoas, num espaço movimentado e no seu ambiente de trabalho.

Uma jovem, que pelo fato de ser mulher, infelizmente entra hoje para as exorbitantes estatísticas de feminicídio em nosso país! Desde os primeiros relatos, a coordenadora da CODIM e a equipe estão acompanhando todo o processo de apuração do caso junto à DEAM/ 76DP e o sistema público de saúde, com vistas a assegurar a presença institucional na garantia dos direitos da vítima e de sua família.

Repudiamos, em respeito a integridade da vítima, a divulgação de seu nome, bem como imagens do trágico acontecimento pelos meios de comunicação e redes sociais. É preciso compreender que a divulgação de vídeos, imagens e nome, contribui para o processo de revitimização, provocando uma nova violência para os familiares e a memória desta jovem mulher. Da mesma forma, não cabe falar de amor ou suscitar sentimentos platônicos. A romantização deste caso de feminicídio não íntimo é um erro e não cabe como justificativa para o ocorrido, amor não é violento e não mata.

Apesar de não haver registro de relação afetiva entre o assassino e a vítima, nem de qualquer registro prévio de violência entre as partes, o caso é configurado como feminicídio em virtude do menosprezo ou discriminação à condição de SER MULHER.

O Brasil é o quinto país mais violento do mundo para as mulheres, só no primeiro semestre de 2020 foram 648 mulheres assassinadas, a cada 2 horas uma mulher é morta! Sabemos que esses dados são ainda maiores, em virtude da subnotificação existente. A violência de gênero, sustentada pela cultura machista, não escolhe classe, cor ou credo.

A violência atinge e permeia todos os espaços, motivo pelo qual, observamos esse crime bárbaro acontecer em plena luz do dia, no interior do maior shopping center da cidade, local público, movimentado e a princípio considerado seguro. Para nós, mulheres, não basta a tristeza e o pesar. É preciso construir uma sociedade mais justa e equânime, que respeite as mulheres e defenda o seu direito de ser e de viver! A CODIM, enquanto integrante da rede de atendimento e enfrentamento a violência contra a mulher, seguirá acompanhando o caso, por meio da equipe técnica do nosso Centro Especializado de Atendimento as Mulheres em situação de violência (CEAM), a fim de assegurar que todos os direitos da vítima e da família sejam garantidos. Não nasci mulher para morrer pelo fato de ser mulher!”