
Uma tartaruga-verde (Chelonia mydas) monitorada desde 2021 pelo Projeto Aruanã em Itaipu, na região oceânica de Niterói, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, foi recapturada completamente recuperada de lesões provocadas por hélice de embarcação. A recaptura ocorreu na última segunda-feira (26/05), durante a primeira temporada anual de capturas intencionais promovida pelo projeto, que conta com patrocínio da Petrobras, via Programa Petrobras Socioambiental.
Segundo a coordenadora de campo, Me. Larissa Araújo, as marcas no casco identificadas anteriormente estavam totalmente cicatrizadas, indicando que o animal conseguiu se recuperar completamente. “Nem parece que sofreu um ferimento por hélice”, celebrou.

Monitoramento contínuo e evolução surpreendente
A primeira captura da tartaruga aconteceu em outubro de 2021, quando ela media 52,9 cm de carapaça e pesava 18,4 kg. Desde então, o animal foi recapturado em outras ocasiões, permitindo o acompanhamento de sua evolução.
Na terceira recaptura, em maio de 2023, a equipe identificou quatro marcas lineares no casco, típicas de impacto com hélice. Apesar de superficiais, as lesões foram tratadas pela equipe, que limpou a área e devolveu o animal ao mar.
Em outubro de 2023, a tartaruga foi capturada novamente, já apresentando significativa melhora. Agora, em maio de 2025, o animal reapareceu com 86 cm de carapaça e pesando 80 kg, com casco saudável e completamente cicatrizado, prestes a entrar na fase adulta — quando deixará a região rumo às áreas de reprodução.

Unidade de Conservação garante abrigo e proteção
A excelente recuperação do animal reforça o papel essencial da Reserva Extrativista Marinha de Itaipu (Resex-Mar Itaipu), que atua em conjunto com o Projeto Aruanã. Criada em 2013, a Unidade de Conservação protege os modos de vida dos pescadores artesanais e promove a sustentabilidade ambiental.
Segundo a gestora da Resex, Beatriz Verçosa Maciel, a UC funciona como um verdadeiro refúgio para tartarugas marinhas. “Os pescadores da região são conscientes e engajados, o que contribui para evitar acidentes e permite que casos como este de recuperação total aconteçam”, explicou.
Beatriz também destacou que as ações do Aruanã valorizam o saber tradicional dos pescadores das praias de Itacoatiara, Itaipu, Camboinhas, Piratininga e da Lagoa de Itaipu, o que está alinhado com os princípios da Resex-Mar.

Projeto Aruanã: ciência, conservação e conscientização
O Projeto Aruanã atua na conservação das tartarugas marinhas da Baía de Guanabara e áreas costeiras próximas, integrando pesquisas científicas com ações de educação ambiental. A iniciativa trabalha de forma colaborativa com pescadores e instituições parceiras, influenciando políticas públicas e promovendo engajamento social na defesa dos ecossistemas marinhos.

Desde 2022, o projeto conta com o patrocínio da Petrobras, ampliando suas atividades. Em 2025, teve início uma nova etapa, fortalecendo ainda mais a missão de proteger e preservar a vida marinha em Niterói e no estado do Rio de Janeiro.