O prefeito Eduardo Paes (PSD) sancionou, nesta quarta-feira (22), a lei que oficializa o bairro Argentino, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A decisão, publicada no Diário Oficial, transforma a localidade, antes considerada parte de Brás de Pina, no menor bairro da cidade, fruto de uma longa mobilização dos moradores.
O movimento comunitário teve como principal objetivo garantir identidade, segurança e valorização imobiliária, além de se desvincular dos impactos causados pela violência urbana e pela atuação de facções criminosas como o Comando Vermelho (CV) e o Terceiro Comando Puro (TCP).
Bairro nasce de luta por valorização e segurança
O trecho que agora forma oficialmente o bairro Argentino é composto por apenas quatro ruas: Alcides Rosa, Cabo Herculano, Emílio Miranda e Cabo Rocha, além do loteamento com entrada principal na Avenida Meriti, nº 3.000.
Por anos, os cerca de 515 moradores conviveram com problemas como rejeição de entregas, recusa de motoristas de aplicativo e ambulâncias que se perdiam na região, além de uma constante desvalorização dos imóveis, associada ao antigo CEP e à percepção de insegurança.
A luta virou lei
O projeto, de autoria da vereadora Rosa Fernandes (PSD), foi aprovado em abril pela Câmara Municipal do Rio e aguardava apenas a sanção do prefeito, que agora se concretizou. Com isso, o bairro Argentino passa a ser o 166º bairro oficialmente reconhecido da capital fluminense.
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A região é atualmente uma Zona Residencial Multifamiliar (ZRM), destinada predominantemente a habitações coletivas, como ocorre nos bairros vizinhos Vila da Penha e Vista Alegre. Já áreas próximas, como Cordovil e Brás de Pina, possuem zoneamento de Zona de Uso Misto (ZUM), permitindo mais atividades econômicas.
Reflexos diretos na valorização e impostos
A criação do bairro traz impacto direto não apenas na identidade territorial, mas também no mercado imobiliário. Segundo Carlos Caju, presidente da associação de moradores, a mudança de CEP deve influenciar positivamente o valor dos imóveis, além de gerar possíveis alterações no cálculo do IPTU, já que a base é definida pelo valor venal do imóvel e sua destinação — seja residencial, comercial ou mista.
Caso o novo bairro também conquiste uma revisão no seu zoneamento urbano, a tendência é que haja uma valorização significativa dos imóveis, impulsionando ainda mais o desenvolvimento local.
Desvincular da violência e olhar para o futuro
A transformação da localidade em bairro é, para os moradores, uma forma de romper com o estigma da violência e abrir caminho para uma nova fase, marcada por mais segurança, reconhecimento e valorização.
A nova delimitação oficializa um espaço já organizado com cancelas, câmeras de vigilância e controle de acesso, que os próprios moradores descrevem como um “oásis de tranquilidade” em meio à Zona Norte do Rio.