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Primeiros divorciados do Brasil são de Niterói: conheça a história

Descubra a fascinante história dos primeiros divorciados do Brasil, um casal de Niterói que mudou o conceito de liberdade conjugal.

Primeiro casal de divorciados do Brasil, Arethuza Figueiredo Henrique Silva de Aguiar e Francelino França Ribeiro/Divulgação TJRJ
Primeiro casal de divorciados do Brasil, Arethuza Figueiredo Henrique Silva de Aguiar e Francelino França Ribeiro/Divulgação TJRJ

Muito antes do divórcio se tornar um procedimento comum no Brasil, um casal de Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, entrou para a história ao oficializar a primeira separação definitiva do país. Os advogados Arethuza Figueiredo Henrique Silva de Aguiar e Francelino França Ribeiro foram os primeiros brasileiros a transformar o antigo desquite em divórcio legal, abrindo caminho para a liberdade conjugal no país.

A partir da Lei do Divórcio, sancionada em 26 de dezembro de 1977, casais que estavam apenas desquitados finalmente puderam encerrar oficialmente seus vínculos matrimoniais e se casar novamente. Dois dias após a nova legislação entrar em vigor, em 28 de dezembro, Arethuza e França foram declarados oficialmente divorciados, por sentença da 1ª Vara de Família de Niterói.

Certidão de casamento do ex-casal com a averbação do divórcio/Divulgação TJRJ

A separação que virou símbolo de mudança no Brasil

O casal esteve junto por sete anos e teve duas filhas, Ana Lúcia e Ângela. Na separação, dividiram amigavelmente os poucos bens que tinham: ela ficou com os móveis e ele com um Volkswagen 1961. Apesar de seguirem caminhos diferentes, França sempre teve o cuidado de nunca falar mal da ex-esposa, a quem chamava de uma mulher “brilhante e muito bonita”. Ela viria a se tornar juíza de paz em Niterói e faleceu em 2023, aos 85 anos.

Hoje com 88 anos, Francelino França carrega com orgulho o título de primeiro divorciado do Brasil. Ele lembra com clareza os tempos em que o desquite ainda era estigmatizado, e o divórcio era assunto de debates acalorados na televisão e no Congresso Nacional. A aprovação da lei foi liderada pelo senador Nelson Carneiro, e celebrada por muitos como um avanço nos direitos civis.

“Naquela época, um desquitado era malvisto. Eu não podia nem ir ao colégio das minhas filhas no Dia dos Pais”, relembra França, que chegou a dar entrevista ao programa Fantástico sobre o marco histórico vivido por ele.

A história depois do divórcio

Após a separação, ambos reconstruíram suas vidas. França se casou novamente, em 1980, com Eugênia, uma prima viúva com dois filhos. O casal está junto até hoje. Arethuza também teve outras uniões ao longo da vida.

França e Eugênia, esposa atual, com quem vive há 45 anos/Divulgação TJRJ

Além de serem pioneiros na história do divórcio no Brasil, Arethuza e França representam uma mudança de mentalidade sobre os relacionamentos, o casamento e a autonomia individual. O caso deles ajudou a abrir portas para milhares de outros brasileiros que passaram a ter o direito de recomeçar suas vidas amorosas com dignidade e respaldo legal.