Niterói iniciou a implantação do projeto “Fruta no Pé”, que promete criar o maior corredor urbano de árvores frutíferas do Brasil. Ao longo de 11 quilômetros no Parque Orla de Piratininga (POP), já foram plantadas 900 mudas de espécies nativas e frutíferas nos últimos dois meses. A previsão é que, até o final de sete meses, o número ultrapasse 5 mil mudas.
A proposta é resgatar a memória afetiva com espécies raramente encontradas nos mercados, como jamelão, jenipapo, grumixama, pitanga, amora, araçá, uvaia, cajus e a emblemática palmeira jerivá. Depois do crescimento, os visitantes poderão circular entre as árvores, colher frutas diretamente do pé e viver experiências típicas de áreas rurais — tudo dentro da cidade.
Sustentabilidade e biodiversidade no Parque Orla de Piratininga
O projeto Fruta no Pé vai além do paisagismo: ele promove sustentabilidade urbana, fortalece a biodiversidade e incentiva a alimentação saudável. Cada muda plantada contribui para a criação de fragmentos florestais ao longo da orla.
Segundo o biólogo Alexandre Moraes, diretor de arborização da Seconser Niterói, o plantio de palmeiras jerivás, por exemplo, atrai mais de 80 espécies de aves nativas durante a frutificação, reforçando o papel do projeto no equilíbrio ecológico da cidade.
“O projeto nasce com uma proposta que vai além do paisagismo. Ele é um convite à memória afetiva, ao resgate de sabores e histórias e, ao mesmo tempo, uma ação concreta de estímulo à segurança alimentar, ao reflorestamento urbano e ao fortalecimento da biodiversidade local. As palmeiras jerivás são muito resistentes e atraem mais de 80 tipos diferentes da nossa avifauna nativa durante a frutificação. Elas são campeãs na atração de aves locais, o que reforça a importância de seu plantio para fortalecer a biodiversidade”, explicou o biólogo Alexandre Moraes.
O projeto é mais uma etapa do processo de revitalização ambiental e urbanística do Parque Orla de Piratininga, unindo preservação da natureza, valorização dos ecossistemas de restinga e estímulo à convivência em áreas verdes.
“Agregamos meio ambiente e gestão pública em uma simbiose perfeita. O pomar urbano faz parte de uma estratégia maior da Prefeitura de Niterói para transformar a cidade em modelo de sustentabilidade, oferecendo espaços verdes que promovem bem-estar e incentivam o contato direto com a natureza. Algumas frutas não se compram, e outras, como o caju, são muito caras. Quando consultamos a Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (SBAU), descobrimos que estamos confeccionando o maior pomar urbano do Brasil”, confirmou o biólogo.
O maior pomar urbano do país
Após consulta à Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (SBAU), a Prefeitura de Niterói confirmou que o “Fruta no Pé” se tornará o maior pomar urbano do Brasil. A ação faz parte da estratégia da cidade de transformar espaços públicos em ambientes sustentáveis, reforçando o compromisso de Niterói com a natureza e a qualidade de vida dos moradores.
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Antes do grande projeto, iniciativas-piloto já haviam sido implantadas em locais como a Restinga de Jurujuba e Restinga de Charitas, onde foram plantadas cerca de 500 mudas em áreas antes degradadas.
Reconhecimento internacional e compromisso ambiental
A vice-prefeita Isabel Swan destacou que o pomar reforça o compromisso ambiental de Niterói, lembrando que a cidade foi reconhecida, pela quarta vez consecutiva, com o selo “Cidade Árvore do Mundo”, concedido pela Arbor Day Foundation.
“Esse pomar urbano tem tudo a ver com Niterói. Nós temos um comprometimento muito firme com o meio ambiente e a arborização, com 150 mil mudas plantadas ao longo dos últimos anos. Ter esse pomar no POP, que já tem uma função fundamental para o nosso sistema lagunar, potencializa ainda mais um equipamento baseado justamente na natureza”
Niterói já plantou cerca de 150 mil mudas nos últimos anos e conta com mais de 60 mil árvores catalogadas no sistema SIGeo. Além disso, mantém programas como o Arboribus, que realiza o mapeamento de árvores urbanas, garantindo segurança e preservação ambiental.
“Niterói reforça a segurança urbana com manejo responsável de árvores desde 2013, quando o município observou a necessidade de uma estratégia para a segurança da população em relação às espécies comprometidas. Foram feitos estudos e criados protocolos como o programa Arboribus, que mapeia e avalia as árvores da cidade, guiando a remoção segura de exemplares em risco, com replantio de espécies nativas. A iniciativa integra proteção ambiental, segurança e participação da população, promovendo uma arborização urbana mais sustentável”, explica Dayse Monassa, secretária de Conservação e Serviços Públicos.
Histórias que emocionam
Durante uma visita ao Parque Orla de Piratininga, a moradora Mônica Alizeira Damparo, do bairro Caramujo, celebrou o projeto. Ela, que cuida do neto autista, Lucas Samuel, de cinco anos, destacou a importância do pomar:
“Isso aqui para mim é uma alegria. Morei em fazenda e tinha essas frutas, mas aqui a gente não vê mais. Vai ser bom para as crianças conhecerem o que já não tem mais no comércio. Também é um resgate da nossa história. Vai ser bom para o meu netinho, que é autista, poder ver, tocar, sentir essas frutas”
