Operação Contragolpe

Militar preso por planejar morte de Lula e Alckmin é de Niterói

Tenente-coronel das Forças Armadas é preso em Niterói por suposto envolvimento em plano de atentado contra Lula, Alckmin e Moraes.

Rafael Martins de Oliveira | Reprodução
Rafael Martins de Oliveira | Reprodução

Na manhã desta terça-feira (19), a Polícia Federal (PF) prendeu o tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira, integrante das Forças Especiais do Exército Brasileiro, em Icaraí, na Zona Sul de Niterói. A ação, que aconteceu por volta das 6h, faz parte da Operação Contragolpe, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Rafael, conhecido por sua atuação no grupo de elite das Forças Armadas, é acusado de integrar uma organização criminosa que teria planejado um atentado contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes, após o resultado das eleições de 2022.

Reincidência e prisão em flagrante

O tenente-coronel já havia sido preso em fevereiro deste ano sob suspeita de participar de um núcleo militar que planejava um golpe de Estado para impedir a posse do governo eleito. Desde então, ele cumpria medidas cautelares com uso de tornozeleira eletrônica. A prisão desta terça ocorreu em sua residência, onde ele também cumpria essas restrições.

A operação em Niterói é parte de um desdobramento maior que resultou na prisão de outros três integrantes das Forças Especiais do Exército, conhecidos como “kids pretos”: o general da reserva Mario Fernandes, o tenente-coronel Helio Ferreira Lima e o major Rodrigo Bezerra Azevedo. Também foi detido o policial federal Wladimir Matos Soares.

Organização criminosa e plano golpista

Segundo a Polícia Federal, o grupo, composto majoritariamente por militares com formação técnica avançada, utilizava seu conhecimento em ações táticas para planejar um golpe de Estado e atentar contra instituições democráticas. Além disso, há indícios de que o plano envolvia homicídios estratégicos para enfraquecer o governo eleito e restringir o livre exercício do Poder Judiciário.

Entre as operações planejadas pelo grupo, destaca-se o denominado “Punhal Verde e Amarelo”, um esquema detalhado que incluía o assassinato do presidente, do vice-presidente e de Alexandre de Moraes em dezembro de 2022.

“As investigações apontam que a organização criminosa se utilizou de elevado nível de conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas nos meses de novembro e dezembro de 2022. Os investigados são, em sua maioria, militares com formação em Forças Especiais (FE). Entre essas ações, foi identificada a existência de um detalhado planejamento operacional, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022, voltado ao homicídio dos candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República eleitos. Ainda estavam nos planos a prisão e execução de um ministro do Supremo Tribunal Federal, que vinha sendo monitorado continuamente, caso o Golpe de Estado fosse consumado.” diz trecho da nota da PF.

Mandados e medidas cautelares

Além da prisão de Rafael em Niterói, a Polícia Federal cumpriu:

  • 5 mandados de prisão preventiva;
  • 3 mandados de busca e apreensão;
  • 15 medidas cautelares, como a entrega obrigatória de passaportes em 24 horas e a suspensão do exercício de funções públicas.

As ações foram realizadas no Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e Distrito Federal, com o acompanhamento do Exército Brasileiro.

Crimes investigados

De acordo com a PF, os investigados podem responder pelos crimes de:

  • Abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
  • Golpe de Estado;
  • Organização criminosa.

A investigação reforça que os alvos utilizaram técnicas militares avançadas em seus planos, apontando para um alto grau de premeditação e organização no esquema golpista.