Nesta terça-feira (18), a Polícia Federal (PF) prendeu quatro militares da reserva e um policial federal acusados de participação em um plano golpista que visava assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin, e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A operação é parte de uma investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.
Mandados cumpridos e conexões militares
A operação cumpriu cinco mandados de prisão preventiva, três de busca e apreensão e 15 medidas cautelares, incluindo entrega de passaportes e suspensão do exercício de funções públicas. Os alvos incluem quatro militares, entre eles o general da reserva Mário Fernandes, ex-assessor de Bolsonaro, e um policial federal, Wladimir Matos Soares. As ações ocorreram em Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e no Distrito Federal, com apoio do Exército Brasileiro.
“Punhal Verde e Amarelo” e os “kids pretos”
O grupo investigado é formado por integrantes das Forças Especiais do Exército, conhecidos como “kids pretos”, que possuem treinamento avançado em operações sigilosas e combates de alta complexidade. Segundo a PF, o plano denominado “Punhal Verde e Amarelo” previa o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes no dia 15 de dezembro de 2022, três dias após a diplomação de Lula no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O grupo também monitorava Moraes constantemente.
As investigações apontam que o grupo utilizava técnicas militares para planejar e executar ações ilegais, como invasões, monitoramento e ofensivas contra autoridades. Entre os itens apreendidos estavam mensagens detalhando encontros e estratégias de adesão entre militares.
Quem são os alvos da operação?
- Mário Fernandes: General da reserva e ex-assessor da presidência de Jair Bolsonaro, identificado como um dos principais articuladores do plano golpista.
- Hélio Ferreira Lima: Integrante dos “kids pretos”, grupo treinado em missões sigilosas.
- Rafael Martins de Oliveira: Outro membro dos “kids pretos”.
- Rodrigo Bezerra de Azevedo: Integrante do grupo militar especializado.
- Wladimir Matos Soares: Policial federal envolvido no esquema.
Histórico e denúncias anteriores
O general Mário Fernandes já havia sido alvo de outra operação em fevereiro deste ano. Ele é apontado como uma das lideranças mais radicais no núcleo golpista, de acordo com delações feitas à PF. Além disso, as mensagens revelaram que o grupo participava de reuniões para refinar o planejamento do golpe, destacando o uso de técnicas de infiltração e ações de comando.
Os “kids pretos”, conhecidos por seu treinamento de elite, participaram de eventos como a Copa do Mundo e missões internacionais no Haiti, mas estão sendo investigados por desviar suas habilidades para tramar contra o Estado brasileiro.
Plano golpista e impacto
A PF revelou que o plano previa a criação de um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise”, composto pelos envolvidos, para gerenciar as consequências das ações golpistas. Entre as estratégias estavam a execução de lideranças políticas e a utilização de granadas e armas militares para facilitar invasões e ataques.
A operação reflete a gravidade das investigações em torno dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e reforça os esforços das autoridades para desarticular grupos que planejam ataques à democracia brasileira.
Próximos passos
Os presos responderão por organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado, crimes com penas severas previstas na legislação brasileira. A PF continua investigando a extensão da rede de apoio ao grupo e a participação de outros indivíduos ou organizações no plano golpista.