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Caso Bruno Henrique: tudo o que se sabe até o momento

Entenda o caso Bruno Henrique: investigação de suposta manipulação de resultados continua com novas revelações. Vídeo abaixo mostra o lance.

Foto: Marcelo Cortes / Flamengo
Foto: Marcelo Cortes / Flamengo

A investigação sobre possível manipulação de resultados envolvendo o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, continua a trazer novos desdobramentos. O atleta teria sido investigado por ações suspeitas em um jogo contra o Santos, no dia 1º de novembro de 2023, durante o Campeonato Brasileiro. Em meio a acusações de que familiares e amigos do jogador estariam envolvidos em apostas suspeitas relacionadas à partida, a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) deflagraram uma operação na última terça-feira (5) para aprofundar as apurações.

Apostas suspeitas e valores envolvidos

De acordo com informações confirmadas pelo GE e pela ESPN, três apostas, realizadas supostamente por familiares e pessoas próximas a Bruno Henrique, chamaram a atenção das autoridades. Os valores apostados tinham um retorno elevado, apontando para uma possível manipulação de cartões envolvendo o jogador. As apostas incluem:

  • R$ 3.050 para ganhar R$ 9.150 (lucro de R$ 6.100)
  • R$ 2.300 para ganhar R$ 7.000 (lucro de R$ 4.700)
  • R$ 1.500 para ganhar R$ 4.550 (lucro de R$ 3.050)

Essas apostas foram feitas com odds de 3,10 para que Bruno Henrique recebesse um cartão amarelo durante a partida, o que significa que para cada R$ 1 apostado, o retorno era de R$ 3,10. Três casas de apostas detectaram movimentações anômalas e chegaram a bloquear apostas semelhantes para o jogador.

Lista de investigados

Além de Bruno Henrique, outras pessoas ligadas a ele, incluindo familiares e amigos, também estão sendo investigadas. Entre os nomes mencionados estão:

  • Wander Nunes Pinto Junior (irmão do jogador)
  • Ludymilla Araújo Lima
  • Poliana Ester Nunes Cardoso
  • Elias Baddan
  • Henrique Mosquete do Nascimento
  • Andryl Sales Nascimento dos Reis
  • Douglas Ribeiro Pina Barcelos
  • Max Evangelista Amorim

Operação de busca e apreensão

Na terça-feira, a PF e o MPDFT realizaram uma operação envolvendo mais de 50 agentes e seis promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) para cumprir 12 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. A operação incluiu buscas no CT Ninho do Urubu, do Flamengo, e na casa de Bruno Henrique, além de endereços de outras pessoas envolvidas.

Como começou a investigação

A investigação teve início após um alerta emitido pela Unidade de Integridade da CBF, em conjunto com as análises da International Betting Integrity Association (IBIA) e da empresa Sportradar. Esses relatórios apontaram suspeitas de manipulação de apostas focadas no recebimento de cartões durante a partida entre Flamengo e Santos.

Nota oficial do Flamengo sobre o caso

Após o início das investigações, o Flamengo emitiu um comunicado, no qual afirmou que:

“Ao mesmo tempo em que apoiará as autoridades, o clube dará total suporte ao atleta Bruno Henrique, que desfruta da nossa confiança e, como qualquer pessoa, goza de presunção de inocência.”

A nota também mencionou que, anteriormente, uma investigação no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) sobre o tema foi arquivada. No entanto, o clube aguarda o desenrolar das investigações e mantém Bruno Henrique à disposição do técnico para os próximos jogos.

O Clube de Regatas do Flamengo tomou conhecimento, nesta data, da existência de uma investigação, ainda em curso, versando sobre eventual prática de manipulação de resultados e apostas esportivas. O Clube ainda não teve acesso aos autos do inquérito, uma vez que o caso corre em segredo de justiça, mas é importante registrar que, ao mesmo tempo em que apoiará as autoridades, dará total suporte ao atleta Bruno Henrique, que desfruta da nossa confiança e, como qualquer pessoa, goza de presunção de inocência. O Flamengo esclarece, por fim, que houve uma investigação no âmbito desportivo, perante o STJD, a qual já foi arquivada, mas não tem como afirmar que se trata do mesmo caso e aguardará o desenrolar da investigação. O atleta segue exercendo suas atividades profissionais normalmente. Treina e viaja com a delegação nesta terça-feira, para Belo Horizonte.

Nota na íntegra do Flamengo.

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (Gaeco/MPDFT) e a Polícia Federal deflagraram, nesta terça-feira, 5 de novembro, a Operação Spot-fixing para apurar possível manipulação do mercado de cartões, em partida de futebol válida pelo Campeonato Brasileiro da Série A, ocorrida em novembro de 2023. Mais de 50 Policiais federais e 6 Promotores de Justiça do Gaeco/DF cumprem 12 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Justiça do Distrito Federal, nas cidades do Rio de Janeiro/RJ, Belo Horizonte/MG, Vespasiano/MG, Lagoa Santa/MG e Ribeirão das Neves/MG. A investigação teve início a partir de comunicação feita pela Unidade de Integridade da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). De acordo com relatórios da International Betting Integrity Association (IBIA) e Sportradar, que fazem análise de risco, haveria suspeitas de manipulação do mercado de cartões na partida do Campeonato Brasileiro. No decorrer da investigação, os dados obtidos junto às casas de apostas, por intermédio dos representantes legais indicados pela Secretaria de Prêmios de Apostas do Ministério da Fazenda (SPA/MF), apontaram que as apostas teriam sido efetuadas por parentes do jogador e por outro grupo ainda sob apuração. Durante a partida, verificou-se que o atleta efetivamente foi punido com cartão. São alvos da operação o jogador e os apostadores. Trata-se, em tese, de crime contra a incerteza do resultado esportivo, que encontra a conduta tipificada na Lei Geral do Esporte, com pena de dois a seis anos de reclusão. A operação conta com o apoio do Gaeco do Ministério Público do Rio de Janeiro e do Gaeco do Ministério Público de Minas Gerais.

Nota na íntegra do Ministério Público.

Qual a possível pena para Bruno Henrique?

Caso seja comprovado o envolvimento de Bruno Henrique em manipulação de resultados, ele poderá enfrentar sanções que vão de 2 a 6 anos de reclusão conforme previsto pela Lei Geral do Esporte, por crimes contra a integridade esportiva.

O lance suspeito e arquivamento pelo STJD

O lance que levantou as suspeitas ocorreu aos 50 minutos do segundo tempo da partida contra o Santos, quando Bruno Henrique recebeu um cartão amarelo após cometer uma falta e foi expulso logo em seguida por ofender o árbitro. O STJD já havia analisado o caso e optado por arquivar, alegando que os ganhos nas apostas seriam “ínfimos” em comparação ao salário do jogador e que não houve indícios suficientes de vantagem econômica direta para Bruno Henrique.

O tribunal considerou que o comportamento do jogador no lance estava dentro do razoável para o contexto da partida e, em consulta à Sportradar, empresa responsável pelo monitoramento, não encontrou evidências de irregularidades.

Imagens: Reprodução / TV Globo

O que está por vir?

A investigação segue em andamento, com a PF e o MPDFT analisando novos dados para verificar o envolvimento de outras pessoas e transações que possam indicar manipulação. As autoridades ressaltam que ainda é cedo para tirar conclusões definitivas, mas que estão reunindo todos os elementos possíveis para chegar a um veredito.

Programação de Jogos do Flamengo

Enquanto as investigações continuam, Bruno Henrique permanece à disposição do Flamengo e deve participar do próximo jogo contra o Cruzeiro.