País

Morre o jornalista Sérgio Cabral

Divulgação
Divulgação

Sérgio Cabral, jornalista, escritor, compositor e pesquisador da música brasileira, morreu neste domingo (14), aos 87 anos. Cabral faleceu por complicações de um enfisema pulmonar. Ele também tinha Alzheimer, a informação foi dada pela Clínica São Vicente na Gávea onde ele estava internado.

A notícia foi confirmada por seu filho, o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, através das redes sociais. O corpo de Sérgio Cabral é velado nesta segunda-feira (15), na sede náutica do Vasco da Gama, na Lagoa Rodrigo de Freitas.

Cabral era portelense, mas amava profundamente a Mangueira. No futebol, era torcedor apaixonado do Vasco da Gama.

Nascido no Rio de Janeiro, Sérgio Cabral iniciou sua carreira jornalística em 1957 como repórter policial no Diário da Noite, um jornal vespertino dos Diários Associados.

Em 1969, foi um dos fundadores de O Pasquim, um importante jornal alternativo, ao lado de Jaguar e Tarso de Castro. Por conta de seu ativismo no jornal, chegou a ser preso durante a Ditadura Militar no Brasil.

Sérgio Cabral Filho com o pai, Sérgio Cabral (Foto: Reprodução/Instagram)

Atuação na Música e na Política

Entre 1973 e 1981, Cabral trabalhou como produtor musical. Como compositor, fez parcerias com Rildo Hora, criando canções como “Janelas Azuis”, “Visgo de Jaca”, “Velha-Guarda da Portela” e “Os Meninos da Mangueira”.

Na política, foi vereador do Rio de Janeiro por três mandatos consecutivos, de 1983 a 1993. Após seu período como vereador, assumiu o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro, onde atuou até se aposentar compulsoriamente em 2007, ao completar 70 anos.

Divulgação

Ligação com o Carnaval

Sérgio Cabral era profundamente ligado às escolas de samba cariocas. Além de seu envolvimento com a música, ele fez parte do júri especializado da TV Globo, onde atribuía notas às apresentações das escolas de samba durante o Carnaval.

O Pasquim

O Pasquim foi um semanário alternativo brasileiro, publicado entre 26 de junho de 1969 e 11 de novembro de 1991. Reconhecido por sua abordagem paradoxal e inovadora, o jornal se destacou por dialogar com o cenário da contracultura dos anos 1960 e por seu papel de oposição ao regime militar.

O projeto do Pasquim nasceu no final de 1968, após uma reunião entre o cartunista Jaguar e os jornalistas Tarso de Castro e Sérgio Cabral. O trio buscava uma alternativa para substituir o tabloide humorístico “A Carapuça”, editado pelo falecido escritor Sérgio Porto.

Desde sua primeira edição, publicada em 26 de junho de 1969, o Pasquim rapidamente ganhou notoriedade. Inicialmente, teve uma tiragem de 28 mil exemplares, mas em apenas seis meses, esse número cresceu para 250 mil. O semanário tornou-se um ponto de referência na imprensa brasileira, trazendo ao seu time figuras notáveis como Ziraldo, Millôr Fernandes, Manoel “Ciribelli” Braga, Miguel Paiva, Prósperi, Claudius e Fortuna.

O Pasquim não apenas refletiu, mas também moldou a cultura de oposição ao regime militar. Utilizando o humor, a sátira e a crítica social, o semanário se posicionou como uma voz influente contra a censura e a repressão da época. Sua irreverência e coragem em abordar temas tabus e contestar o status quo o tornaram um ícone da resistência cultural e política.