TURISMO – A Prefeitura de Niterói pretende elaborar um Plano Municipal de Cicloturismo, em parceria com universidades, sociedade civil e iniciativa privada. Essa foi a principal proposta anunciada no I Encontro para o Desenvolvimento do Cicloturismo, que terminou nesta quinta-feira (27). Na cidade, que está recebendo investimentos na implantação de infraestrutura cicloviária, é cada vez maior o número de usuários da bicicleta. Iniciativas para o incentivo do turismo de bike podem transformar Niterói na porta de entrada para o cicloturismo no Estado do Rio de Janeiro, e também contribuir para que cada vez mais pessoas optem pelo transporte sustentável no município.
Os números são expressivos. Segundo pesquisa realizada pelo coletivo Mobilidade Niterói, na ciclovia da Avenida Roberto Silveira, 86,25 ciclistas por hora passaram pela via, em dezembro do ano passado. Este ano, o número saltou para 166,5 por hora. Já na Avenida Amaral Peixoto, no primeiro mês (2013), a ciclovia foi usada por 63 ciclistas por hora. Este mês, nova contagem revela que 120 ciclistas circularam por hora.
Os participantes do encontro, organizado pela Prefeitura , pelas universidades Federal Fluminense (UFF) e Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ) e pelo coletivo Mobilidade Niterói, foram unânimes ao afirmar que não se pode dissociar o cicloturismo urbano da discussão sobre mobilidade nas cidades. Para o desenvolvimento do turismo no setor, são necessários infraestrutura, segurança e roteiros planejados. Em Niterói, o projeto Niterói Bike Tur, promovido pelo Programa Niterói de Bicicleta, pela Neltur e pela UFF, já se solidificou e tem atraído moradores de outras cidades e até mesmo quem vive em Niterói e não conhece muitas das atrações, como os museus.
Isabela Ledo, coordenadora do Niterói de Bicicleta, programa da prefeitura que tem o objetivo de estimular a cultura cicloviária na cidade, fez uma apresentação no evento com o intuito de refletir como o cicloturismo pode influenciar no desenvolvimento do município. “A proximidade com o Rio é um desafio para o fomento do turismo em Niterói, que busca o fortalecimento de sua identidade. Podemos dizer que Niterói é a cidade da arquitetura moderna, dos fortes, verde e, por que não?, cidade da bicicleta e da mobilidade”, disse.
A coordenadora listou os motivos que levaram a Prefeitura de Niterói a investir na infraestrutura cicloviária e no cicloturismo – atualmente o município conta com cerca de 35 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas. “Um projeto voltado para o turismo de bicicleta vai proporcionar diversificação da economia local, valorização do patrimônio natural, arquitetônico, cultural e histórico da cidade, incentivo à mobilidade ativa e sustentável, indução à requalificação do espaço urbano, estímulo à inclusão socioespacial, entre outros benefícios. Temos um grande potencial que já começou a ser explorado no Niterói Bike Tur, que possui quatro roteiros. Com o Plano de Cicloturismo, poderemos ampliar o número de rotas e circuitos e, dessa forma, contribuir para o aumento de visitantes na nossa cidade”, destacou Isabela.
Cicloturismo na Europa, no Chile e no Brasil
Na abertura do evento, na quarta-feira (26), o vice-prefeito Axel Grael falou sobre a importância dessa temática para Niterói. “Niterói está desenvolvendo sua vocação. Somos a segunda cidade do estado que recebe mais turistas, o que torna o município um belo laboratório para que a gente reflita sobre o potencial do cicloturismo”, disse Grael.
O vice-prefeito disse que esse não é um tema novo para a cidade. “Já temos aqui duas inciativas emblemáticas, o Niterói Bike Tur e a Terra Brasilis, agência niteroiense que já recebe há alguns anos turistas estrangeiros através de um programa bem estruturado de cicloturismo. Não estamos falando apenas de uma proposta para o futuro, nós já temos experiências presentes e um potencial muito maior a ser desenvolvido. Tenho certeza de que as pessoas reunidas neste encontro, com seus olhares especializados, saberão apontar esse potencial e até mesmo nos orientar nos futuros investimentos públicos para a implantação dessa malha cicloviária, para que a gente possa cada vez mais atrair turistas para Niterói, que venham para cá olhando a cidade como uma oportunidade para o ecoturismo, através dos parques implantados no município, e para o cicloturismo. Temos aqui o ambiente fértil para que a gente planeje e sonhe com uma Niterói cada vez mais amiga da bicicleta e mais atraente para o turismo”, afirmou Grael.
O presidente da Neltur, José Haddad, também participou da abertura do evento. Ele ressaltou a importância da bicicleta na vida das pessoas e o quanto Niterói já fez para incentivar o crescimento deste meio de transporte alternativo e saudável, e que pode incrementar ainda mais a atividade turística da cidade, que está se preparando também para essa nova demanda. “A bicicleta é um dos transportes do futuro e Niterói está atenta para isso. Nós já contamos com 35 quilômetros de ciclovias, nosso túnel Charitas-Cafubá (Transoceânica) terá uma área exclusiva para os ciclistas nas suas galerias”, destacou Haddad.
No primeiro dia do encontro, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer de forma detalhada como funciona o setor de cicloturismo na Europa. Em sua palestra, Marcio Deslandes, da European Cyclists’ Federation (ECF), ressaltou o impacto econômico do cicloturismo naquele continente. Experiências de turismo de bicicleta no Chile foram passadas por Cristóbal Pena, da empresa Bella Bike. Também foram apresentados os programas do setor em Santa Catarina, Curitiba, São Paulo e Pernambuco.
O encontro terminou nesta quinta-feira com um passeio ciclístico guiado, que saiu do Caminho Niemeyer até o Museu de Arte Contemporânea (MAC), onde os convidados participaram de uma mostra acadêmica.
Fotos: Bruno Eduardo Alves