Morreu na manhã de hoje (15), em Niterói, aos 56 anos, o baixista Arthur Maia, considerado um dos maiores baixistas do país.
Maia foi um músico fora do comum, nasceu na cidade do Rio de Janeiro, mas morava em Niterói, onde atuou como secretário de cultura e morreu inesperadamente, vítima de parada cardíaca.
Seja por suas levadas maravilhosas, pelas bandas e os artistas com quem tocou, ou, até mesmo, por seus solos de total bom gosto e brasilidade, o baixista Arthur Maia teve uma carreira de destaque.
Nascido no dia 9 de abril de 1962, no Rio de Janeiro, Maia iniciou sua carreira tocando bateria, até ganhar seu primeiro baixo elétrico, aos 17 anos. Os graves já corriam nas veias, já que o artista é sobrinho do grande baixista Luizão Maia – braço direito de Elis Regina -, com quem aprendeu as primeiras técnicas no baixo, e de quem herdou a sensibilidade que desenvolveu ao tocar esse instrumento.
No cenário nacional, seu nome é prioridade nas bandas de renome do país, tendo tocado ao lado de Ivan Lins, Luiz Melodia e Márcio Montarroyos, os quais Arthur acompanhou a partir de 1976. Entre os diversos grupos de música instrumental que integrou, destacam-se “Garage”, “Varanda”, “Pulsar” e a “Banda Black Rio”. Seu jeito particular de fazer música levou o artista também ao cenário internacional, quando trabalhou com Ernie Watts, Sheila E., Pat Metheny, Carlos Santana e George Benson.
Mais tarde, Arthur integrou uma vertente mais pop, fundando a banda “Egotrip”. Mas foi o grupo “Cama de Gato”, com um som mais voltado para o jazz, do qual Arthur fez parte como baixista, que deu especial impulso à sua carreira.
“Maia” foi seu primeiro disco solo, gravado em 1991, e lançado no Brasil e na Europa, com significativa aceitação de mercado. Um ano depois, recebeu o Prêmio Sharp como revelação instrumental.
Seu segundo CD, o “Sonora”, foi lançado em show no Canecão, em 1996, com lotação esgotada e consagração da crítica, que possibilitou a gravação do especial “Na Corte do Rei Arthur”, para o SBTVE e, a seguir, a apresentação do músico em seis países europeus, nos Estados Unidos e no Japão. Em setembro do mesmo ano, se apresentou na casa de espetáculos Town Hall, de New York, no Festival Brasil / New York.
Já em 1999, Arthur lançou, pelo selo Niterói Discos, o CD “Arthur Maia e Hiram Bullok ao Vivo”. Gravado no Mistura Fina, no início de 1998, este disco reúne o melhor do baixista brasileiro ao som de um japonês criado nos EUA, Hiram Bullock, músico que começou no sax, mas já tocou com uma lista do jazz e do pop, incluindo Miles Davis, James Brown, Barbra Streisand, Burt Bacharach, Billy Joel, David Sanborn, Paul Simon e Eric Clapton.
Em 2002, também pelo Selo Niterói Discos, Arthur Maia gravou o álbum “Planeta Música”, que contou com a participação de Paquito D’Rivera, Mike Stern, Marcos Suzano e outros artistas consagrados. Em dezembro deste mesmo ano, realizou o show “Arthur Maia Convida”, na Marina da Glória, no Rio, com a presença de mais de 2.500 ouvintes.
Em virtude de uma entrevista concedida ao Programa do Jô em 2002, naquele ano, a agenda do artista foi especialmente cheia, atendendo a convites para participar de shows e workshops no Brasil e no exterior. Foi quando Arthur recebeu o convite para dirigir o Grammy Latino e o musical “Canto das Três Raças”, e para se apresentar no “Utópica Marcenaria” e nos SESC’s de São Carlos e São José do Rio Preto.
Ao longo dos anos, além de dedicar-se ao trabalho solo, Arthur trabalhou ainda com nomes como Caetano Veloso, Djavan, João Bosco, Lulu Santos, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Plácido Domingos, Ricardo Silveira e Gilberto Gil. Com Gil, o baixista trabalha desde o início da década de 90, tendo participado das turnês nacionais e internacionais de diversos shows do cantor, como as de “Quanta”, “Eu,Tu, Eles” e “Kaya N’Gandaya”.
De 2013 a 2016, Arthur Maia passou a atuar diretamente no segmento político, como Secretário de Cultura de Niterói.
Em abril de 2015, o artista dedicou-se à gravação do DVD “O Tempo e a Música”, no Centro de Artes da UFF, ao lado de artistas como Mart’nália, Seu Jorge e Ivan Lins. Esse álbum foi lançado pelo Selo Niterói Discos, em 2010.
“[…] No último verão, eu estava caminhando pelas areias maravilhosas do lago Maggiore, próximo a Lugano na Suíça, quando encontrei com Paquito D´Rivera,… que lá também estava, para se apresentar com seu grupo no Jazz Festival. Ele me perguntou se Arthur Maia era a mesma pessoa que tocou com Djavan. Sim, eu disse. Esse cara é um dos melhores do mundo! … Caros ouvintes, este disco é o primeiro CD lançado por um dos principais contrabaixistas de sua geração no mundo, o carioca Arturzinho Maia. Esta é uma gravação que traz raros fragmentos de uma música que, com inteligência e fluidez, reproduz o que tem de melhor”. (Gilberto Gil, em 1996)