A cúpula da segurança pública do Rio de Janeiro se reuniu ontem (9) com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) para discutir o andamento das investigações dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. O encontro ocorreu a portas fechadas na Delegacia de Homicídios da capital (DH). O crime completa um mês no próximo sábado (14).
Estiveram presentes Homero das Neves, promotor do MPRJ responsável pelo caso, e Giniton Lages, delegado da Polícia Civil que preside as investigações. Eles compartilharam informações com o procurador-geral de Justiça do estado, Eduardo Gussem; o secretário estadual de Segurança Pública, general Richard Nunes; o chefe de Polícia Civil, delegado Rivaldo Barbosa; e o superintendente regional da Polícia Federal, Ricardo Andrade Saadi.
O único que deu declarações após a reunião foi o procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem. Segundo ele, o encontro que estreita o diálogo entre o MPRJ e as estruturas de segurança do Rio de Janeiro. Gussem também avaliou que as investigações caminham de uma forma positiva e reiterou que o caso continua sob sigilo.
“Tem toda uma dinâmica a ser montada. As autoridades responsáveis estão conduzindo com todo cuidado necessário. Obviamente, o tempo da área jurídica e do próprio delegado é um tempo diferente da expectativa, às vezes, da própria imprensa. É um caso que requer muita atenção. Mas nós acreditamos na linha de investigação que está sendo encaminhada”, disse.
O encontro ocorre menos de uma semana após o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) assegurar em liminar a autonomia do MPRJ para investigar os homicídios. A decisão, que ainda pode ser revista, determinou que o Ministério Público Federal (MPF) se abstenha de exercer atividades relacionadas ao caso. A federalização das investigações foi defendida pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Em 15 de março, um dia após o crime, ela chegou a instaurar procedimento instrutório, nomeando cinco procuradores para avaliar pedido de deslocamento de competência do caso para a Justiça Federal.
A reunião ocorreu um dia após o líder comunitário Carlos Alexandre Pereira Maria também ter sido assassinado a tiros. Seu corpo foi encontrado ontem (8) dentro de um carro, na Taquara, zona oeste da capital. Ele era colaborador do vereador Marcello Siciliano (PHS), que depôs sobre a morte de Marielle na última sexta-feira (6). Gussem, no entanto, explica que o encontro não foi motivado pelo episódio. “Foi uma mera coincidência. Esta reunião já estava agendada há três dias, desde sexta-feira”, disse.
Ag. Brasil
Foto: Tomaz Silva