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“Música é Invenção”: UFF recebe evento multicultural interativo

Exposição “Hermetismos Pascoais”

Programação inclui shows, exposições, oficinas e muita animação para o público

Exposições, shows e oficinas fazem parte do evento “Música é Invenção”, que será realizado no Centro de Artes da UFF, de 14 de janeiro até 28 de fevereiro. Entre os destaques estão a mostra sobre Hermeto Pascoal e o show inédito de Tiago do Bandolim com o Afoxé Filhos de Gandhi. Produção do Realize Cultura, o evento parte do conceito de que toda pessoa que se envolve com música torna-se uma inventora. Nesse sentido, as atividades multiculturais têm como objetivo uma imersão interativa em diversas expressões artísticas, principalmente a música, para que o público viva uma experiência diferente, a partir das invenções, do olhar e da produção artística.

A exposição “Hermetismos Pascoais” convida o público a tocar suas invenções, que, por conveniência, chamamos de partituras. São obras musicais escritas em quadro, pano, chapéu, chaleira, privada, e que tomam forma no ar e nas coisas do mundo.

Ao visitá-la, será possível perceber que Hermeto faz música em tudo. “A música pode ser feita em tudo que tenha espaço para escrever”, diz o artista. “Uso telas para desenhar e fazer músicas. Cores e notas juntas são demais. Sou 100% intuitivo, isso me faz ser criativo, por não prever o que vou fazer, e por isso chamo a música de universal.”

“A exposição é assinada por Hermeto Pascoal e traz peças do cotidiano, que ele transforma em obras de arte”, explica o curador da exposição, professor e produtor cultural, Heitor Collet. “Ele escreve as partituras dos objetos transformando eles em música. Tem música pra chaleira, música para privada, música para chapéu. As coisas viram música. A ideia é provocarmos uma interação com o público. Um músico pode visitar a exposição, levar seu instrumento e se colocar a tocar uma das obras enquanto faz a visita. Essa interação compõe o conceito da exposição, com os sons ocupando os seus espaços invisíveis.”

Hermeto Pascoal (1939) é um compositor, arranjador e instrumentista brasileiro. Nasceu em Lagoa da Canoa, município de Arapiraca, Alagoas, no dia 22 de junho de 1936. Filho de um sanfoneiro, desde cedo despertou o gosto pela música e pelos sons da natureza. Ainda adolescente, tocava sanfona junto com seu irmão José Neto, nas festinhas de sua cidade. Os experimentalismos surreais sempre foram sua marca. Suas composições mesclam ritmos regionais, como o forró e baião, ao jazz americano. Em 2018, foi premiado com o Grammy de Melhor Disco de Jazz Latino.

A mostra contará também com outra exposição, “Reciclando Cultura”, de Décio Rocha, navegando no universo da sustentabilidade. Décio apresenta ao público instrumentos que constrói brincando e brinquedos que constrói ouvindo música.

Décio Rocha

Décio Rocha é um “músico inventor” ou um “inventor musical”, que há muito tempo se dedica à fruição e prática da música. Integrou a Banda de Pau e Corda (Recife/PE). É autor da trilha sonora do premiado filme “Estamira”, de Marcos Prado, e da trilha sonora de 20 anos do projeto TAMAR. Representou o Brasil no 1º Festival Latino-Americano de Música Instrumental e idealizou o Festival “Pra Contrabaixo Todo Santo Ajuda”, junto com o saudoso músico Arthur Maia.

“A gente sempre brinca pra definir se o Décio é um músico-inventor ou um inventor-músico. O cara respira criação e invenção. Além de ser um baita contrabaixista que já acompanhou artistas de peso como Zeca Baleiro, Chico César, Rita Ribeiro e Siba, só para citar alguns nomes, ainda é um compositor de trilha sonora e inventor de brinquedos e instrumentos musicais. Quem já conhece o músico, agora vai ter a oportunidade de conhecer o inventor. E quem não conhece vai ter a oportunidade de conhecer seu trabalho. É um cara fora de série”, conta o curador.

As duas exposições são gratuitas e ficam em cartaz a partir do dia 14 de janeiro até 28 de fevereiro, de segunda a sexta de 10h às 21h, sábado e domingo de 13h às 21h.

No dia 14, às 20 horas, chega o show “Reencontro”, do pupilo-mestre da Música Universal Itiberê Zwarg, com seu som minimalista, acompanhado de seu quarteto e do convidando especial, multi-instrumentista, Carol Panesi. No dia do show, abrindo os trabalhos, às 16h, Itiberê ainda promoverá, com entrada franca, uma oficina e roda de conversa sobre “Música Universal”, conceito criado por Hermeto Pascoal.

Fotografia de Casamento por www.carlaalvesfotografia.com

No dia 15, às 19h, Décio Rocha e seu grupo apresentam o show “Pra Contrabaixo Todo Santo Ajuda”, com a participação mais que especial do “escultor do vento” Carlos Malta. O show é uma homenagem ao saudoso músico Arthur Maia, que idealizou o nome do show junto com Décio.

Décio antecipou o que o público pode esperar de seu show: “Música pura, feita com minha alma. Eu sou uma ponte por onde passa muita música. Vou tocar minhas músicas, com alguns instrumentos feitos por mim.”

No dia 20, às 20h, quem comanda a apresentação é o filósofo-rapper baiano Jef Rodriguez. Radicado em Niterói, Jef vem acompanhado do DJ Castro (Quinto Andar) e de Lorena Gomes, numa mistura com a participação especial dos sopros de Edison Matos, um dos comandantes da simpática Sinfônica Ambulante, destaque do Carnaval carioca.

No dia 21, às 20h, em “Corda e Couro”, um show inédito preparado especialmente para a mostra, Tiago do Bandolim e Afoxé Filhos de Gandhi sobem juntos ao palco com a energia do “ajayô”, trazendo um repertório recheado de ijexás já conhecidos em grandes vozes da nossa MPB.

Tiago do Bandolim

Tiago do Bandolim destacou que “o público pode esperar um show inovador, que mistura bandolim com tambores em grandes referências da música, como Baden Powell, Hamilton de Holanda, Arnaldo do Bandolim, Gilberto Gil, entre outros”.

E no dia 22, às 19h, dedicado à pesquisa sobre a cultura tradicional da África do Oeste e moderna Diaspórica, fecha a mostra o conjunto Dembaia, com o show “VerãoDjeli”. Apresenta suas criações sonoras a partir de uma linguagem negra, feminina, sagrada e ritualística.

Dembaia

“Um show afro poético swingado de mulheres pretas. Dembaia traz a contemporaneidade do som eletrônico em conexão com os ritmos dos tambores do oeste africano, num híbrido com as performances lúdicas das artistas”, explicou Tati Villela, integrante do grupo Dembaia.

Ingressos pelo site: https://www.guicheweb.com.br/pesquisa/centrodeartesuff

Programação completa: http://www.centrodeartes.uff.br/eventos/shows/

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