Justiça

PM que matou ambulante em frente à estação das barcas de Niterói vai a júri popular

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O policial militar Carlos Arnaud Baldez Silva Júnior, denunciado por matar o ambulante Hiago Macedo de Oliveira Bastos, no dia 14 de fevereiro, após uma discussão em frente à estação das barcas, na Praça Araribóia, será julgado pelo Tribunal do Júri de Niterói no dia 16 de março de 2023. A decisão é da juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce dos Santos, titular da 3ª Vara Criminal de Niterói, após a conclusão da fase de instrução, quando foram ouvidas nove testemunhas e interrogado o réu.

Hiago foi morto em frente à estação das Barcas em Niterói em fevereiro de 2022 | Foto: Reprodução

Segundo consta na denúncia, o crime ocorreu no dia 14 de fevereiro de 2022, por volta de 11h40, na bilheteria das Barcas S.A., no Centro de Niterói. Hiago vendia balas aos usuários das barcas que estavam na bilheteria. Em determinado momento, ele abordou uma senhora que estava no caixa. O policial militar, que estava de folga e vestido à paisana, aguardando na fila, interveio. Iniciou-se uma discussão entre o ambulante e o PM, que sacou uma arma de fogo e deu voz de prisão para Hiago, o qual o teria desafiado de forma repentina, projetando seu corpo para a frente. Carlos Arnaud, então, disparou contra a região peitoral da vítima, que caiu em seguida, morrendo no local.

Após a morte de Hiago uma grande confusão teve início na Praça Araribóia (Vídeos abaixo). Pessoas que estavam no local se revoltaram com o crime e tentaram fechar o trânsito da Avenida Visconde do Rio Branco e chegaram a incendiar um colchão na pista, mas o fogo foi apagado.

Momento da confusão na Praça Arariboia | Foto: Reprodução Redes Sociais.

Câmeras de segurança

Imagens das câmeras de segurança da CCR Barcas comprovam que Hiago Macedo de Oliveira Bastos, de 22 anos, baleado no peito pelo policial militar Carlos Arnaud Baldez Silva Júnior, em frente à Estação das Barcas, sequer cometeu um crime ou uma tentativa de assalto. A informação foi confirmada através do secretário Municipal de Direitos Humanos de Niterói, Raphael Costa. “Ele estava desarmado, e o que causa mais revolta, é justamente o fato, e as câmaras de segurança comprovam isso, já está no inquérito, é que o Hiago sequer cometeu um crime ou uma tentativa de assalto” disse o secretário. A Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI) decidiu pela prisão em flagrante do PM. O sargento que é lotado no 7° BPM (São Gonçalo) responde pelo homicídio qualificado, por motivo fútil, do vendedor de balas.

A secretaria de Municipal de Direitos Humanos de Niterói, esteve presente no depoimento da viúva, Thais Oliveira Santos, de 29 anos e também deu suporte para que o sepultamento gratuito fosse feito, já que a família não tinha condições financeiras. Prestou apoio psicológico, jurídico e assistencial à família de Hiago, e seguiu acompanhando as investigações do caso. O corpo de Hiago foi sepultado no Cemitério do Maruí, no Barreto, Zona Norte de Niterói.