Esportes

Vídeo mostra mar violento em Itacoatiara

Surfista Willyam Santana | Foto: Tony D'Andrea
Surfista Willyam Santana | Foto: Tony D'Andrea

A praia de Itacoatiara, na Região Oceânica de Niterói, recebeu mais uma vez a elite do surfe brasileiro de ondas grandes. Desta vez, no entanto, os big riders deixaram de lado a disputa da terceira janela do Itacoatiara Big Wave 2022 e surfaram as melhores ondas como exibição em técnicas e manobras radicais. Eles chegaram ao local preparados para participar de mais uma sessão de tow-in na Laje do Shock, uma competição com grande grau de dificuldade que utiliza jet sky e aconteceria pela segunda vez atrás da Pedra do Pampo. A prova, porém, acabou sendo transferida para o meio da praia por motivos de segurança. (Vídeo abaixo mostra como estava o mar nesta sexta-feira)

“A sessão na Laje do Shock não aconteceu porque as ondas estavam muito pesadas e com uma direção que atrapalha a disputa. Então, como organização do campeonato, decidimos fazer uma sessão de exibição na Praia de Itacoatiara, fora da Laje do Shock, mais para o meio da praia, não sendo válida pelo campeonato. Como organizadores  temos que nos preocupar com a segurança e com as melhores condições do campeonato. Itacoatiara já é referência e primamos pela qualidade e pelos atletas”, disse o diretor do IBW, Alexey Wanick.

Mesmo assim, feras como Willyam Santana, Ilan Blank, Marcos Monteiro, Kalani Lattanzi , Felipe Cesarano e Victor Gioranelli se apresentaram aproveitando as condições do mar, que chegou a ter ondas de seis metros. Apesar da mudança de local, eles utilizaram jet skis, deram um show nas águas da Praia de Itacoatiara e depois seguiram para a Ilha Mãe, onde também praticaram o surfe de remada. (Vídeo abaixo mostra como estava o mar nesta sexta-feira)

“Hoje a sessão do Shock foi suspensa por condições extremas e proteção dos atletas. O pessoal foi para a praia e, depois, para a Ilha Mãe de remada e tow-in. Todos se divertiram, pegaram tubos, ondas e, o mais importante, tudo com segurança”, afirmou o surfista Kalani Lattanzi. (Vídeo a seguir)

A primeira etapa do campeonato já aconteceu em Itacoatiara, com séries de sete metros, quando os big riders precisaram ser levados de jet ski para o local da competição. Já na segunda sessão, os atletas encararam ondas fortes de até três metros de altura na Laje do Shock.

A janela do Itacoatiara Big Wave vai até 31 de agosto e os surfistas serão julgados de acordo com os critérios da Liga Mundial de Surfe de Ondas Grandes.  Os surfistas disputam premiação que totalizam 100 mil reais.

“Hoje, a suspensão da prova foi a melhor decisão tomada. Nós vimos que as condições não estavam das melhores. A ondulação estava jogando muito para as pedras, no Shock, uma ondulação de Leste. Então, nos reunimos e resolvemos fazer um tow-in, na praiona de Itacoatiara e, ali, peguei uma das maiores ondas da minha vida, aqui no Brasil. Foi uma sessão animal! Isso que Itacoatiara proporciona é incrível, nós temos três ondas com potenciais enormes e características diferentes”, disse Willyam Santana, que possivelmente surfou a maior onda na modalidade tow-in no Brasil em 2002, com seis metros de altura. (Vídeo a seguir)

O Itacoatiara Big Wave é a 1ª competição de surfe de ondas grandes do Brasil, na qual são avaliadas as modalidades de remada e tow-in, simultaneamente. “É legal ver que um dia eu comecei ali e tem uma galera indo além, avançando e sempre prezando pela segurança de todos, já que nós  praticamos um esporte de alto risco”, afirmou Guilherme Herdy.

O Itacoatiara Big Wave tem patrocínio da Prefeitura de Niterói, através da Secretaria de Esportes e Lazer de Niterói e da Niterói Empresa de Lazer e Turismo (Neltur), da Enel Distribuição Rio, apoio da Arenque Surfboards, IBMR Centro Universitário, Organics e E-Vianna Personal. (Vídeo abaixo mostra como estava o mar nesta sexta-feira)

O Secretário Municipal de Esportes e Lazer, Luiz Carlos Gallo, relembra que Niterói cada dia mais se reafirma como celeiro de atletas de qualidade em diversas modalidades, entre elas, o surfe. “Niterói é um celeiro de atletas e tem a tradição de sediar diversos eventos esportivos. É uma cidade que respira esporte. Pesquisei para entender como funcionava esse tipo de esporte para adaptá-lo para nossas praias e dar apoio na organização dos torneios de ondas gigantes na cidade. E, mais uma vez, com certeza, teremos a presença de atletas consagrados mundialmente disputando provas de surfe em Itacoatiara”, afirma Gallo.

Formato da competição

As provas do IBW 2022 são abertas para surfistas consagrados e amadores, homens e mulheres, que se inscrevem enviando os vídeos das ondas surfadas para a organização do evento. Após o encerramento da janela, que vai até o dia 31 de agosto, o material será julgado por uma comissão de arbitragem profissional, utilizando os critérios da Liga Mundial para o surfe de ondas grandes. A previsão é de, no total, até quatro chamadas para as competições.

Segundo os organizadores do IBW, as chamadas são realizadas com base na previsão das grandes ondulações (swells). Na Praia de Itacoatiara acontecem as chamadas para surfe na remada e na Laje do Shock (atrás da Pedra do Pampo Club), para o tow in, o que depende das condições das ondas. As chamadas são confirmadas com antecedência entre 48 e 72h e as sessões ocorrem entre 6h e 12h. O surfista com o maior somatório nas duas melhores ondas será o vencedor. A competição premia também cinegrafistas e pilotos de jet ski que atuarem no reboque de atletas.

O que  é a Laje do Shock- É reconhecida como uma das ondas mais potentes e desafiadoras do Brasil. Graças a sua grande variabilidade e energia, recorrente do seu fundo de pedra e das grandes ondulações que chegam à pequena baía onde fica localizada. É uma onda extremamente difícil de ser executada com maestria, devido à sua formação altamente mutante.

Ela tem localização privilegiada para receber grandes ondulações que chegam com direção ou sudoeste e que são geradas a partir das tempestades que ocorrem nas baixas latitudes do hemisfério sul, principalmente durante o outono e o inverno, quando a temperatura está mais amena e a água mais gelada. As ondas são formadas a quilômetros de distância da costa e viajam até ela acumulando energia até encontrarem o raso e o fundo de pedra, o que potencializa o aumento do seu tamanho para algo que pode superar os sete metros, dependendo da potência do swell.

Neste momento, toda a força do oceano é transformada em tubos gigantes e extremamente potentes. Uma das características mais marcantes do Shock é a mutação da forma da onda devido ao formato do fundo e principalmente pelo retorno da ondulação, que encontra uma a outra que está chegando na bancada. Soltar o cabo do jet ski após ser rebocado em uma onda em formação, conseguir esquiar e descer sem perder o equilíbrio e ainda evitar de ser pego por uma onda de retorno é algo muito difícil de conseguir.

E o desafio segue: pois para pegar os enormes tubos os surfistas ainda precisam se posicionar dentro da onda o suficiente para conseguir entubar. Ainda assim, tudo isso não garante que o tubo será completo, pois muitas ondas fecham no final ou o surfista não consegue velocidade o suficiente para sair dele antes que a onda se feche. (Vídeo abaixo mostra como estava o mar nesta sexta-feira)

Memória Big Wave 2021

O carioca Pedro Calado sagrou-se campeão do Itacoatiara Big Wave 2021, descendo a onda que foi considerada, na época, a maior já surfada em Itacoatiara, de quase seis metros. O atleta de Saquarema, Lucas Chumbo, ficou em 2º lugar em uma disputa acirrada nas três janelas abertas durante o campeonato. No inédito formato digital, a competição, que foi realizada entre julho e setembro, os atletas surfaram grandes ondulações e as ondas foram registradas em vídeo e enviadas para serem julgadas por um comitê técnico especializado. O atleta de Niterói Gabriel Sampaio também foi destaque no campeonato, terminando em 3º lugar. A competição teve, ainda, como destaque a carioca Michelle des Bouillons.

O mar nesta sexta (Imagens: Matheus Couto)