Cultura

Mostra de Cinema IFÉ em Niterói ressalta a importância da diversidade na produção do audiovisual

Foto: Thais Ayomide
Foto: Thais Ayomide

“A mostra visa valorizar a diversidade da produção cinematográfica brasileira, através da disseminação dos trabalhos desenvolvidos por realizadores negros, indígenas e LGBTQIA+ no país nos últimos anos, além de aprofundar o debate em torno de elementos teóricos e técnicos que constituem uma produção audiovisual, ressaltou a cineasta, Mariana Campos, sobre a Mostra de Cinema IFÉ, que começa nesta terça-feira (31), ficando em cartaz até 1º de junho, em São Domingos, na cidade de Niterói. Logo após, a apresentação acontece na Lapa, no Rio de Janeiro, de 2 a 4 de junho.

A programação conta com 20 obras audiovisuais de distintos gêneros e formatos, debates online com realizadores, painéis formativos, seminários e happy hour. Ao lado da produtora cultural, Ana Beatriz Silva, Mariana assina a direção desta segunda edição com curadoria de Anti Ribeiro, Fabio Rodrigues Filho e Milena Manfredini. No virtual, as exibições se estendem até o dia 5.

Após o sucesso da edição anterior, que aconteceu online em virtude da pandemia de Covid-19, onde muitas atividades foram paralisadas temporariamente em combate à disseminação do vírus, o grupo toma fôlego para trazer à tona a pluralidade existente na indústria do cinema: por trás das telonas aos palcos.

Segundo Mariana, o intuito do projeto é disseminar novas narrativas, diversificar o debate acerca da cadeia produtiva do audiovisual, visibilizar corpos e vozes que são sistematicamente silenciados, e promover encontros entre realizadores e o público em geral. “Através das exibições dos filmes e das atividades formativas, queremos garantir um espaço crítico, diverso e fomentador de novas produções”, disse.

A ideia da mostra surgiu do interesse de unir durante um período em um local, obras audiovisuais de realizadores, e coletivos negros e indígenas com o recorte de gênero e sexualidade, fomentando assim, um cenário de produções de estéticas, linguagens e narrativas singulares que contribuam, fortaleçam e renovem a área do audiovisual brasileiro.n “Nosso objetivo é a promoção de espaços de problematização e desconstrução de estereótipos e preconceitos no cenário do audiovisual contemporâneo”, pontuou Mariana.

Para a diretora Ana Beatriz, é fundamental a realização da Mostra de Cinema IFÉ para o conhecimento das imagens produzidas por cineastas negros e indígenas. “É um meio de descolonizar o pensamento sobre o cinema e ampliar o repertório de representações sobre a pluralidade presente nas experiências de subjetivação no fazer cinema, a partir de um discurso produzido por cineastas dissidentes”, acredita.

Além disso, sobre as expectativas da próxima exibição, ela destaca. “A realização da 2ª edição da Mostra de Cinema IFÉ para nós é extremamente desafiadora, em um momento onde vivemos o boom da retomada das atividades culturais na cidade, propor um espaço de troca, formação e circulação de produções audiovisuais negras e indígenas LGBTQIA+ é tentar garantir diversidade de conteúdo. Que o público possa ter acesso a uma programação diversa”, concluiu.

Mostra de Cinema IFÉ

Data: De 31 de maio a 05 de junho de 2022

Realização: Timoneira Produções

Niterói:

Sala Nelson Pereira dos Santos

 Av. Visconde do Rio Branco, 880 – São Domingos, Niterói.

Data: 31/05 a 01/06

Classificação livre

Online:

Data: 03/06 a 05/06

https://mostraife.com.br/

Programação

20 obras audiovisuais de distintos gêneros e formatos

Debates online com realizadores

04 Painéis Formativos

03 Seminários

02 Oficinas de Audiovisual

Happy Hour

Ficha Técnica

Realização: Timoneira Produções Artísticas

Direção: Ana Beatriz Silva e Mariana Campos

Coordenação de Produção: Ana Beatriz Silva

Coordenação de Programação e Curadoria: Mariana Campos

Curadoria: Anti Ribeiro, Fabio Rodrigues Filho e Milena Manfredini

Coordenação de Ações Formativas: Gabriela Gonçalves

Assistente de Produção: Dai Ramos

Produção Técnica: Ana Acioli

Assistente Técnica: Tali Ifé

Coordenação de Comunicação: Priscila Rodrigues

Designer: Marcella Pizzolato

Edição de vídeos: Bebel Rodriguez

Social Midia: Rahzel Alec

Assessoria de Imprensa: Laís Monteiro / Monteiro Assessoria

Desenvolvimento website: Agência Canzar

Assessoria Contábil: Jopec Assessoria Contábil

PROGRAMAÇÃO

DIA 31/05/22 – TERÇA-FEIRA

SALA NELSON PEREIRA SANTOS

  • SEMINÁRIO 1

16h – Tecnologias do Invisível – Mediação: Milena Manfredini | Convidadas: Éthel Oliveira e Joa Assumpção

  • SEMINÁRIO 2

18h – Arquivo Vivo – Mediação: Thais Ayomide | Convidades: Davi Pontes e Iagor Peres

  • SESSÃO DE ABERTURA

20H – Programa 1: CORPORIFICAR O QUE HÁ DE POLÍTICO NO SER + bate papo com realizadores –

Clandestyna | Doc | 22′ – Um dos projetos finais do LAB NEM, iniciativa que possibilita a participação de pessoas trans no audiovisual, CLANDESTYNA apresenta Dayo, Piranhafudida e Ducarallho. Três travestis pretas moradoras da Baixada Fluminense, que recorrem a arte para sobreviver ao país que mais mata travestigeneres no mundo.

Pedra Cantada – Em Assentamento | Performance | 13′ – No candomblé, um dos significados de assentamento é tornar o chão do terreiro um território sagrado,vivo, de onde o axé vem em forma de força para a comunidade. O assentamento é, comumente, a consagração de um objeto construído para reforçar a conexão entre um indivíduo ou grupo e o orixá a partir de uma delimitação espacial. Pedra Cantada – Em Assentamento é uma vídeo performance que bebe das fontes estéticas de Obaluaê como potencialidade de cura. Pedra Cantada é uma série com obras em linguagens múltiplas (fotografia, vídeo, performance e instalação) na qual a artista Aretha Sadick busca reafirmar a produção de contrafeitiços aos encantos coloniais que nos inebriam.

Themônias | Fic | 23′ –  O filme reúne quatro curta-metragens com ações performáticas realizadas pelo coletivo das THEMÔNIAS nas cidades de Belém e Manaus. Uma sequência de cenas que abordam questões sobre política, ativismo LGBTQIA+ e as subjetividades desse grupo que a quase uma década vem revolucionando a cena artística contemporânea da Amazônia.

Noite das Panteras | Doc | 20′ – A Noite das Panteras faz parte de uma série de shows feitos por LGBTIAs da Maré entre as décadas de 80 e 90. Em 2021 voltamos ao seu início, a laje e suas múltiplas dimensões de convívio para afirmar que a Noite das Panteras está aqui!”

  • CASA DA UTOPIA

21hs – Happy Hour de abertura – Mostra IFÉ convida Baile da UG + Ballroom SGN

DIA 01/06 – QUARTA-FEIRA

SALA NELSON PEREIRA SANTOS

  • SESSÃO

14h- Cidade Entre Rios | Doc | 20′ – Uma busca por memórias perdidas no tempo. Um jovem pescador urbano, filho de uma geração de pescadores, mergulha numa experiência imersiva através das águas turvas dos rios que cortam a região da fronteira entre o Piauí e o Maranhão.

Trava Minguante, Trava Crescente | Doc | 6′ – Numa noite tempestuosa, tive cólicas. Barriga pesou. Fui explorar o que tinha nela de podre e de bom. Naquela noite chuvosa, escrevi um texto como um desejo de transmutação.

Aracá | Do-Fic | 12′ – Aracá é partícula de tempo.

Meus santos saúdam teus santos | Doc | 14′ – Em uma viagem de regresso à ilha do Marajó, terra de seus avós, Rodrigo conhece a pajé Roxita e recebe a notícia de que têm guias espirituais de herança. Rodrigo vive sua iniciação na pajelança marajoara e registra sua relação com Roxita, que será sua guia num encontro com seus ancestrais.

  • SEMINÁRIO 3

15h – Cinema Expandido – Mediação: Milena Manfredini | Convidades: Loren Minzú e Nica Buri

  • SESSÃO

17h- Programa 3: RESSONÂNCIAS E ANCORAGENS DO SENSÍVEL + bate papo com realizadores –

Vinte de Novembro | Exp | 8′ – No dia da consciência negra, pensamentos vagueiam pelo centro da cidade do rio de janeiro. Filme experimental livremente inspirado na obra Mãos Negativas, de Marguerite Duras.

Poeira | Exp | 10′ – Três histórias de saudade e medo enquanto a cidade dorme.

Repertório N. 2 |Exp | 19′ – Repertório N.2 é a segunda parte de uma experiência coreográfica para pensar a dança como uma prática de autodefesa. Utilizando técnicas desviantes e informais, apostamos em uma genealogia alternativa, subterrânea de práticas autodefensivas. Com estas coreografias, assumimos o compromisso de pensar criticamente o mundo em que vivemos, realizando a operação de coreografar entre imaginação e intuição, tentando libertar o pensamento das ferramentas do entendimento.

Luazul | Fic | 21′ Riva volta para o Brasil e se encontra mais sozinha do que nunca. Flávia não tem tempo para se sentir sozinha. As duas se conhecem, e se distraem, ao redor dos campinhos e quadras de futebol.

  • SESSÃO

19h- Programa 4: MERGULHOS NOS BREUS –

A Cambonagem e o Incêndio Inevitável | Doc | 35′ – Inevitável é o acaso da forma do fogaréu. Inevitável é o fogo que acontece em mim quando eu danço. A cambonagem trata-se de um pacto: acolheremos a imprevisibilidade de nossos caminhos.

Oriki Para Perder o Medo do Mar | Doc | 5′ – Na boca da noite a lua nasce. um dia, mergulhei pra dentro de mim.

Viver Distrai |Fic | 06′ – Na sexta-feira, que seria a abertura do carnaval do Recife de 2021, cancelado por conta da pandemia, um casal de namoradas na cidade vazia se entregam a uma festa que só está acontecendo dentro delas. Realizando o desejo de trazer o carnaval de volta e a felicidade do ano todo.

Procure Vir Antes do Inverno| Religioso | 12′ – Para edificar é essencial estabelecer uma comunhão de nossas mãos, vozes e trilhas. Estar em comunhão é estar engajada em um ato de amor; é sobre esse caminhar coletivo que versa o filme “Procure Vir Antes do Inverno”. Enquanto conversa com sua avó sobre as dificuldades de se escolher um caminho evangelista, Ventura Profana constrói o seu próprio templo, em um movimento contrário à cisnormatividade e à branquitude, ao lado de suas amigas Bianca Kalutor e Rainha F.

  • SESSÃO

20h30 – Programa 5: A FUMAÇA AINDA GUARDA O FOGARÉU + bate papo com realizadores

Ali entre nós um invisível obliterante | Fic | 9′ – Do invisível ao indizível, os momentos em que a atenção ao que não se vê aflora a percepção de outras densidades que nos permeiam. Densidades que reformulam e enfatizam as esferas ambientais que estamos (ou fomos dispostos?). Relações com o invisível que compreendem esses corpos também como vidas agentes e modificadoras de não só nossas relações, mas de todo o meio.

Usina-desejo contra a indústria do medo |Fic | 19′ – Bill e Penélope são cineastas que moram juntos durante uma terrível era no Brasil-catástrofe. Após um desastre o emprego de Bill fica por um fio. Em plena distopia nas ruínas de uma indústria, Penélope o apresenta à Usina-Desejo, canal da taróloga Oráculo no Youtube. Através de uma misteriosa interatividade, Oráculo introduz a dupla a um mundo repleto de mistério, excessos e delírios.

Socialights – Jorge Lafond |Doc | 10′ – Hoje eu trouxe uma pessoinha que vocês vão amar, uma pessoa brilhante, alegre, pra cima, sabe? Todo mundo gosta e eu adoro: Jorge Lafond!

As Canções de Amor de uma bixa velha | Doc | 22′ – Uma conversa sobre o tempo: O envelhecer do homem negro gay retratado por Márcio Januário a partir do seu espetáculo As canções de amor de uma bixa Velha.