Saúde

80% das mulheres de Niterói podem estar com o exame do colo do útero em atraso

CHN Mulher | Foto: Antonio Shumacher
CHN Mulher | Foto: Antonio Shumacher

De acordo com dados recentes do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer do colo do útero – também chamado de câncer cervical – é o terceiro tipo de tumor maligno mais incidente entre as mulheres e a quarta maior causa de morte entre esse público.

Com o objetivo de conscientizar a população da importância da prevenção da doença, a campanha anual Março Lilás enfrenta um grande obstáculo, como apontam os dados da Dasa e do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), que revelam que, em 2021, 80% da população feminina deixou de realizar o exame Papanicolau, conhecido como preventivo, capaz de rastrear e diagnosticar precocemente esse tipo de câncer.

O levantamento – feito pela área de Data Analytics da rede – aponta que 24.464 niteroienses com idade e/ou indicação clínica definidas pelas sociedades médicas estão em um gap de cuidados, ou seja, podem não estar em dia com os testes no último ano nas unidades da Dasa.

Daniela Gomes Selano, ginecologista, obstetra e coordenadora do CHN Mulher, afirma que a estatística é preocupante, uma vez que a detecção precoce da condição é fundamental para que o tratamento contra o câncer seja mais eficaz. “Em alguns países desenvolvidos, podemos observar que, com uma rotina amplamente adotada de rastreamento citopatológico, a incidência do câncer do colo do útero foi reduzida em torno de 80%. O gap apresentado mostra que estamos seguindo um caminho contrário. Por isso é necessário que as mulheres se consultem regularmente com seus ginecologistas e façam os testes preventivos.”

Os dados mostram ainda que o gap de cuidados aumentou durante a pandemia, já que, em 2019, o percentual de mulheres de Niterói que não realizaram o exame preventivo era de 68% e, em 2020, subiu para 78%.

A médica também explica em detalhes as recomendações para a rotina de prevenção desse tipo de câncer. “O exame Papanicolau deve ser realizado, anualmente, por qualquer pessoa com útero entre 25 e 64 anos que já tenha tido atividade sexual.”

A vacinação também cumpre um papel indispensável na luta contra o câncer do colo do útero, uma vez que a doença é causada pela infecção persistente do Papilomavírus Humano (HPV), a infecção sexualmente transmissível mais prevalente. “Vacinar-se é uma medida rápida e altamente eficaz para se proteger desse tipo de câncer. No entanto, estar imunizada não dispensa a necessidade de realizar exames preventivos”, afirma Daniela.

Embora o câncer cervical apresente lento desenvolvimento e seja assintomático inicialmente, alguns sinais podem surgir em estágios avançados da doença. Alguns dos principais são:

• dor abdominal associada a problemas intestinais e urinários;

• sangramento vaginal;

• sangramento depois das relações sexuais;

• secreções vaginais anormais;

• menstruação irregular;

• fadiga;

• perda de peso;

• náuseas.