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Niterói perde Professor Roberto, aquele que ensinou a educar por exemplos

Niterói perde Professor Roberto, aquele que ensinou a educar por exemplos

O Instituto GayLussac comunicou nesta terça-feira (8) o falecimento do professor Roberto dos Santos Almeida, um de seus fundadores. A diretora geral do GayLussac, Luiza Sassi, escreveu uma carta sobre o falecimento do professor tão querido e respeitado por todos. Leia na íntegra abaixo.

Carta ao Professor Roberto Almeida, por Luiza Sassi

Niterói perde Professor Roberto, aquele que ensinou a educar por exemplos

É triste, porque parece não ser justo. Mas o que seria justo para aqueles que sabem que “a vida vale a pena quando a alma não é pequena”? Assim era o dia daqueles que tiveram o privilégio de estar ao seu lado. Tinha uma personalidade forte, era inteligentíssimo, doce, estudioso da literatura e biografia do poeta Fernando Pessoa. Possuía uma oratória incrível e foi um ícone como educador. Com uma capacidade mnemônica fabulosa sempre tinha citações literárias que distribuía em todas as conversas.

Estar ao seu lado no cotidiano da vida era ter a garantia de que teria algo a aprender a todo encontro. Não havia quem tivesse sido seu aluno que não fizesse referências às suas aulas magnânimas de genética e biologia.

Fundou o GayLussac junto ao Professor Renato e Professor Manoel Francisco e ensinou de modo emblemático que não se educa só com palavras, mas sobretudo com exemplos e atitudes (frase de seu amigo Professor Renato Garcia de Freitas). É isso. Quem teve o privilégio de conviver com ele podia observar e aprender com seu modo de ser, modo de transitar pelas instituições culturais da cidade que tanto valorizou e foi membro atuante.

Participava de modo ativo nas Academias literárias da cidade – a Fluminense, a Niteroiense e o Cenáculo de Histórias e Letras – e encantava com seus discursos incríveis, sua oratória envolvente e sua paixão pelo Fernando Pessoa. Era verdadeiramente um profundo conhecedor de sua literatura. E como tal, professor Roberto também possuía homônimos e escrevia suas crônicas no Jornal O Fluminense, como Fernando de Aviz. Apresentava um humor inteligente, costumava dizer que “escrevia para fora” diante de tantas demandas de produções de discursos que recebia.

Quem teve o prazer de trabalhar com ele sabe o quanto aprendeu. Por aqui deixo minha homenagem, resgatando aquilo que mais me ensinou – o desejo de ter urgência em realizar pela educação, porque a vida passa como um sopro, porque morremos a cada dia e precisamos estar nela com a sabedoria de vivê-la de modo pleno. Por isso nas palavras de Pessoa, o senhor me diria – O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela.

A nossa cidade terá sempre na memória a sua história na educação.

Luiza Sassi