Educação

Núcleo de pesquisa da UFF aproxima ciência e cotidiano de forma descomplicada

Núcleo de pesquisa da UFF aproxima ciência e cotidiano de forma descomplicada

Quando você pensa em ciência o que vem primeiro à sua mente? Um livro? Um microscópio? Um homem vestido de branco? E se, ao contrário disso, alguém te dissesse que a ciência está em tudo? Você acreditaria? Embaralhando as imagens comumente associadas a esse universo, o projeto “Descomplicando as (neuro)ciências nas redes”, de forma divertida e inovadora, lança um desafio: encontrar a ciência que existe no cotidiano, lá mesmo onde ela não parece existir. E, mais do que isso, encontrar o cientista que existe em cada um de nós.

Responsável por coordenar esse e outros projetos do Núcleo de Pesquisa, Ensino, Divulgação e Extensão em Neurociências da UFF, o NuPEDEN, a professora do Instituto de Neurobiologia Priscilla Bonfim explica que “o ser humano, por natureza, é curioso, um investigador nato. O que fazemos é dar ferramentas para se olhar o cotidiano sob a perspectiva da ciência, de forma descomplicada. Para isso, desenvolvemos conteúdos bastante heterogêneos e de forma muito criativa para falar sobre o tema. E usando a ciência aliada à criatividade tornamos possível a reflexão crítica sobre ela”.

“Nós queremos falar para esses cidadãos, explodir a bolha e romper o estereótipo de que a ciência e o cientista não são ‘comuns’. Assim, vamos ‘tirando’ o conhecimento dos livros e ‘colocando’ na vida. A ciência é feita para a sociedade e, sendo assim, precisa chegar até ela; do contrário, falamos só para nós mesmos, cientistas”, Priscilla Bomfim, professora do Instituto de Nerobiologia da UFF.

A iniciativa, que existe formalmente desde 2019 e que reúne mais de 40 participantes de diferentes especialidades, entre subcoordenadores, alunos, professores e pesquisadores, consiste em apresentar as neurociências para a população de forma simples, mostrando que ela faz parte do nosso dia a dia, muitas vezes sem que isso seja percebido de forma consciente.

A equipe utiliza plataformas como Instagram, Facebook, Twitter e YouTube, onde são desenvolvidos programas, colunas e peças de comunicação explorando diferentes linguagens voltadas para diferentes públicos, com o intuito de aproximar as pessoas de um universo que é muitas vezes visto inacessível. Como enfatiza a coordenadora, “tão importante quanto produzir ciência é divulgá-la com responsabilidade”.

O núcleo é subdividido em áreas, onde muitas equipes atuam; cada uma focando na produção de um tipo de conteúdo. Segundo Priscilla, apesar de toda essa fragmentação, os grupos são altamente interligados, assim como o cérebro é: “existe muita conectividade e parceria interna para trabalhar um mesmo tema a partir de diferentes perspectivas. Para isso, a colaboração é fundamental”.

“O núcleo como um todo impacta milhares de brasileiras e brasileiros por meio do Instagram, Youtube, Facebook e Twitter, não só divertindo e tratando de outros temas importantes de serem discutidos, mas principalmente compartilhando informações com embasamento científico e de maneira didática, combatendo as fake news”, Jasmin Stariolo, mestranda do Instituto de Biomedicina da UFF.

De acordo com Jasmin Stariolo, mestranda do Instituto de Biomedicina da UFF e integrante do NuPPEDEN, “apesar de mais de 30 integrantes participando, a dinâmica dá certo justamente pela forma como o trabalho é desenvolvido. Temos voz para trazer novas ideias ou sugerir alterações nos projetos e, acima de tudo, todos nós nos movimentamos através do contato com outras pessoas, ouvindo diferentes histórias, sempre dispostos a fazer colaborações e com o objetivo claro de divulgar informação científica de qualidade e gratuita, abraçando, ouvindo e valorizando aqueles que desejam fazer parte dessa mesma dinâmica”.

Para ser uma boa cientista, segundo a aluna, não basta apenas saber fazer um experimento e interpretar artigos: “é necessário também saber trabalhar em equipe, querer e conseguir ensinar de maneira didática para qualquer indivíduo em qualquer nível de instrução escolar e principalmente, desejar e fazer parte do movimento de divulgação científica”.

Júlia Riffald, licenciada em Ciências Biológicas pela UFF e atualmente professora da educação básica e diretora de ensino no NuPEDEN, corrobora a explicação de Jasmin pontuando que participar no núcleo lhe possibilita pensar na educação para além da sala de aula: “trata-se de um ensino inovador, para todos, gratuito e acessível. Além disso, é sempre uma oportunidade de aprender. São muitos membros de diferentes níveis e áreas de formação; é uma troca de experiência e conhecimento muito grande. É um ligar de esperança de que o conhecimento científico pode transformar nossas vidas”.

Outro importante eixo do trabalho desenvolvido pela equipe do núcleo tem sido a luta contra as fake news. Uma amostra do que vem sendo realizado, por exemplo, é a “Trilogia da Vacinação”, fruto de uma parceria com a cordelista e também farmacêutica de Alagoas Dra. Edla Herculano. “Vacinação, pode confiar”, “Cordel das fake news” e “Como se produz uma vacina?” (esse último ainda em fase de edição) são os nomes dos três episódios de uma animação que foi lançada no YouTube em que os personagens dos cordéis ganham vida para levar a ciência de forma descontraída para a população.

De acordo com Jasmin, “nada do que é dito nos posts e vídeos do NuPEDEN vieram do achismo. Apesar de se tratar de um conteúdo mais leve e lúdico, há um grande peso de pesquisa científica por trás. O núcleo como um todo impacta milhares de brasileiras e brasileiros por meio do Instagram, Youtube, Facebook e Twitter, não só divertindo e tratando de outros temas importantes de serem discutidos, mas principalmente compartilhando informações com embasamento científico e de maneira didática, combatendo as fake news”, enfatiza.

Entusiasta do projeto, a coordenadora Priscila Bonfim reafirma como a iniciativa vem influenciando a vida das pessoas que de alguma forma têm sido atravessadas por esse projeto: “você sabe que está atingindo o seu propósito quando recebe uma mensagem de alguém de 63 anos que diz estar anotando as coisas que têm lido para estudar depois. Nós queremos falar para esses cidadãos, explodir a bolha e romper o estereótipo de que a ciência e o cientista não são ‘comuns’. Assim, vamos ‘tirando’ o conhecimento dos livros e ‘colocando’ na vida. A ciência é feita para a sociedade e, sendo assim, precisa chegar até ela; do contrário, falamos só para nós mesmos, cientistas”, finaliza.