Notícias

Autismo e a prática de esportes

Autismo e a prática de esportes
Unir um movimento que trabalha iniciativas voltadas para a melhoria do ser humano como um todo e a inclusão de pessoas com necessidades especiais em todos os segmentos da sociedade: essa é a mais nova causa abraçada pelo Movimento Otimismo
 
Criado pela empresária Camila Cavalcanti, o projeto quer  motivar a inclusão de crianças com autismo por meio do esporte e do empreendedorismo. É sabido há muitos anos que a prática de exercícios é excelente para o desenvolvimento de crianças de todas as idades. Mas, de alguns anos para cá, foi revelada a importância de experiências sensório-motoras, que incluem a música e a prática esportiva para as crianças com necessidades especiais, pois trabalha as atividades motoras e a interação com outros indivíduos. 
 
Rogger Pereira Conhasca, professor de Natação da Tio Sam e um dos maiores apoiadores dessa nova bandeira do Otimismo, é um desses profissionais que têm se dedicado cada vez mais ao trabalho com crianças autistas. “Crianças com TEA têm uma certa dificuldade em encarar o novo e o que não faz parte da sua rotina. Por isso, não trabalho apenas a parte motora, mas, especialmente, a confiança. Os responsáveis estão sempre presentes. Porém, a aula acontece somente entre mim e o aluno dentro da água. Somente depois da primeira aula, ou até o aluno tomar confiança em mim, é que o responsável participa de uma forma mais efetiva das atividades.”, conta o professor. Ele esclarece, ainda, que tenta sempre realizar atividades que sejam rotineiras em uma aula de natação, como a adaptação ao meio liquido, a descontração facial, o nado submerso etc. “A única coisa que trabalho de uma forma diferenciada é com relação ao aluno, no ambiente com o professor. Posso ficar dias, semanas ou até meses trabalhando essa adaptação. O principal objetivo dos pais é que eles aprendam a nadar. Porém, com o tempo, vou mostrando que só em eles estarem realizando uma prática esportiva prazeirosa, demonstrando a todo momento que gostam, é o principal.”, completa.

natação, inclusive, é um dos exercícios mais sugeridos para portadores de TEA – a água causa uma sensação de prazer e um relaxamento natural da musculatura (crianças com TEA estão sempre com a musculatura contraída). “A adaptação ao meio liquido é bem rápida, pois a água, por si só, ajuda nisso, criando um ambiente relaxante e lúdico. A maioria das crianças já realiza um nado rústico submerso, e atividades coerentes a sua idade cronológica. Gosto de trabalhar o movimento sem me prender muito a técnica. Incentivo que a criança explore seu corpo, o ambiente e como esse corpo se movimenta de diversas formas nesse meio. Não analiso o progresso deuma forma mecanicista, e, sim, em um contexto corporal de expressão com o local.”, analisa. E Roger utiliza não apenas a piscina para esse trabalho, a música também está presente. “As atividades cantadas me ajudam muito, principalmente no trabalho de ritmo. O Samuel, um dos meus alunos, por exemplo, teve progresso com relação a ritmo e deslocamento de pernada alternada. ”, comemora.

Outro aluno com TEA da Tio Sam é Enzo, de 7 anos, irmão gêmeo de Luca. E sua mãe, Érica, uma das maiores apoiadoras da caminhada, enxerga de perto como a prática de esportes é importante para o desenvolvimento do seu filho – Enzo foi diagnosticado aos 2 anos e 8 meses. “Como sabemos, há graus de comprometimento, do mais leve ao mais severo. Assim, a despeito de todas as intervenções precoces, as características autísticas foram se sobressaindo mais, com o passar dos anos, e, hoje, Enzo tem um comprometimento de moderado a severo. Ele faz uso de medicação controlada e frequenta a escola com professor de apoio. Além disso, está cercado por excelentes profissionais, inclusive o Roger, que dá aulas de natação para ele na Tio Sam”, conta. Ela explica que o filho, mesmo com todas as limitações, é extremamente feliz e consciente do quanto é amado.