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De volta à elite, Viradouro desfila sob a batuta de Paulo Barros

Quando entrar na avenida no domingo de carnaval, a Unidos do Viradouro estará novamente no Grupo Especial – a elite das escolas de samba do Rio de Janeiro. O campeonato em 2018 na Série A (antigo grupo de acesso) deu à vermelho e branco de Niterói o direito a essa volta ao palco onde já fez passagens marcantes.

A Viradouro estreou no grupo especial em 1991, após ganhar o título do acesso, e se manteve na elite do carnaval do Rio até 2010. Nesse período, conquistou o campeonato em 1997, com o enredo Trevas! Luz! A Explosão do Universo, do carnavalesco Joãosinho Trinta (morto em 2011).

 

Com o rebaixamento, em 2011, retornou à série A, onde permaneceu até ser campeã em 2014. Mas nem saboreou o gosto da elite do carnaval carioca e logo caiu novamente. No ano passado, retornou ao grupo especial. A ascensão de uma escola é uma responsabilidade até para os mais experientes no Sambódromo.

Para o carnavalesco Paulo Barros, que já foi campeão pela Unidos da Tijuca (2010, 2012 e 2014) e pela Portela (2017), a Viradouro, desta vez, entendeu que precisava se preparar para o grupo especial, que exige mais das agremiações.

“Quando sobe para o [grupo] especial tem que mudar a estrutura de carro alegórico, o processo administrativo da escola. Tem que encarar que é uma escola do grupo especial, diferente do que é no grupo de acesso. A essência pode ser a mesma, mas a gestão tem que ser diferenciada. A Viradouro fez exatamente isso”, afirmou.

Detalhes de carros alegóricos da Unidos do Viradouro, escola de Niterói, no barracão da agremiação na Cidade do Samba. – Tomaz Silva/Agência Brasil

Bateria

Na esteira da mudança tem equipe nova na Viradouro. O carnavalesco disse que foram contratados “profissionais gabaritados dentro de cada área” para defender na avenida os quesitos que podem garantir melhores notas à escola. “A Viradouro volta para o grupo especial com pé no chão, entendendo que tudo isso tem que ser mexido. Poucas escolas têm essa percepção”, observou.

Como coreógrafo da comissão de frente, a escola contratou Alex Neoral, que trabalhou com Barros, no ano passado, na Unidos de Vila Isabel. O mestre-sala será Julinho e a porta-bandeira a Ruth, os dois são parceiros desde 2008.

À frente da bateria, mestre Ciça está de volta à Viradouro. “As pessoas costumam fazer uma ligação direta às escolas que sobem como se fossem as favoritas para descer. Teoricamente seriam as mais fracas. A Viradouro fez o processo contrário”, afirmou.

Detalhes de carros alegóricos da Unidos do Viradouro, escola de Niterói, no barracão da agremiação na Cidade do Samba. – Tomaz Silva/Agência Brasil

Enredo

A Viradouro vai para a Marquês de Sapucaí com mais de 2.900 componentes, com a intenção de encantar o público com o enredo ViraViradouro, que apresenta as histórias que as avós contavam. O enredo com o universo de histórias infantis e de contos de fadas tem no final uma floresta encantada. “Para a gente mergulhar nessa floresta e através do livro que a vovó nos manda ler, a gente possa renascer das cinzas”, revelou o carnavalesco.

O carnavalesco disse que a figura da avó sempre foi uma presença marcante na sua vida. “Quem não teve a figura da avó? A minha avó era a minha grande protetora. Nas horas difíceis, em que eu precisava correr atrás de alguém, até para me proteger mesmo, eu corria atrás dela. Então, a gente brinca com a personagem da avó, que foi e é a nossa segunda mãe”, afirmou.

Na volta à Viradouro, onde esteve em 2007 e 2008, o carnavalesco disse que encontrou um ambiente com o mesmo sentimento dos componentes em relação à escola e a mesma garra. “Sinto que a Viradouro de lá para cá não mudou, não perdeu esse encanto e essa força, a coragem e o amor que eles têm pela escola. Encontro hoje uma Viradouro que está pautada em moldes que convivi nos anos de 2007 e 2008”.

Tamborins

Outro que está de volta é o mestre Ciça, que ficou na escola entre 1999 e 2009. Nesse período deixou a sua marca à frente da bateria, que quando passa na avenida levanta a arquibancada. A paradinha em ritmo de funk foi uma das inovações, mas o que causou mais surpresa foi o desfile dos ritmistas em cima de uma alegoria até o segundo recuo da bateria, na parte final do Sambódromo.

“Eu fiquei na escola durante dez anos e tenho que voltar agora com as mesmas características que eu gosto e que a escola gosta. Este ano vamos ter 32 tamborins no meio da bateria. Eles vão tocar uma parte do samba enredo sozinhos, com a bateria toda agachada na Sapucaí. No ensaio técnico, a reação da arquibancada foi positiva. Vamos ver no desfile. Tenho certeza que vai ser boa”, disse.

Mesmo voltando ao grupo especial, a Viradouro não abandona as origens: faz ensaios na Avenida Amaral Peixoto, no centro de Niterói. “Agora vendo tudo isso aí dá uma emoção muito grande”, disse Sônia Helena Nunes, de 49 anos. Ela começou na Viradouro como ritmista, tocou chocalho e agora é responsável pelo almoxarifado, onde são guardados os materiais usados nas alegorias e fantasias, no barracão na Cidade do Samba.

Ebc

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