Opinião

DICAS DE PSICOLOGIA: Como dar limites de uma forma saudável e positiva para o desenvolvimento da criança?

DICAS DE PSICOLOGIA: Como dar limites de uma forma saudável e positiva para o desenvolvimento da criança?

DICAS DE PSICOLOGIA – Dar limites às crianças sempre foi um desafio. Especialmente nos dias atuais, onde temos conhecimento sobre a importância de uma infância vivida com afeto, atenção e com oportunidades para o melhor desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e social. Muitos cuidadores (pais, avós, tios, aqueles que são responsáveis pela educação da criança) se perguntam como ensinar sem usar as velhas “palmadas”, “chineladas” e outras punições que fizeram parte da educação familiar de muitas gerações.

A punição física é das piores opções. Além de a agressão não ser correta em nenhuma situação, com nenhum ser, ela indica muito mais uma limitação daquele que agride do que promove qualquer benefício para o agredido. Aí você pode pensar: “mas quando o meu filho faz birra e desobedece, eu dou logo uma “palmada” e ele para.”. Nessa situação o que parece acontecer: você alivia a sua raiva ou frustração por não conseguir controlar seu filho e a situação; ele sofre, mesmo que não chore ou até que responda sendo irônico “não doeu”; ele aprende que quando não consegue resolver um problema ou é contrariado, pode agir com violência para solucionar a questão; e ainda provavelmente ele irá repetir o comportamento, pois você não lhe mostrou o porquê de não ter aquela atitude , e nem sempre a sua agressão será mais relevante que o benefício que ele obtém agindo daquela forma.

Então, o que fazer?

A criança geralmente quer atenção. Quer ter seus desejos atendidos. Bem como o adulto, só que ela ainda está aprendendo que existem regras e formas adequadas para se obter o que quer. Um esquema bastante funcional para lhe ensinar isso é trabalhando com recompensa e retirada de recompensa. Quando a criança age de forma positiva, é recompensada. Quando age de forma negativa o benefício é retirado. Não, não se trata de dar um presente quando ela acertar e retirar o brinquedo quando ela errar. A recompensa aqui é fundamentalmente afetiva: um abraço, um sorriso, um elogio, um momento de diversão com aqueles que a criança ama.

Um exemplo: Você está na sala assistindo o jornal. A criança chega, pega o controle remoto e começa a trocar os canais. Você então diz, sem alterar o tom de voz, gentil mas firme “Não faça isso, devolva o controle para mim e pegue um brinquedo ali para você brincar aqui do meu lado.”. Ela vai, pega o brinquedo, você cumpre o que disse, sorri, coloca ela ao seu lado e deixa ela brincar. Ela conseguiu o queria: a sua atenção, o seu carinho, e um brinquedo. Mas e se ela não obedecer? Aí você levanta do sofá e diz “Vamos ali pegar um brinquedo porque com o controle da tv você não pode brincar, senão a gente não vaio mais conseguir ver tv.”. Se ainda assim ela não obedecer, resta a retirada da recompensa, que é a sua atenção. “Já que você não quer brincar ao meu lado ao invés de ficar com o controle, você vai brincar sozinha(o) lá no seu quarto.”.

Claro que este é um recorte em moldes gerais, não um manual, mas mostra que existem algumas alternativas para ensinar a criança como obter o que deseja de forma adequada e sem violência. Vale lembrar que é sempre importante manter um equilíbrio. Pense sobre suas escolhas e o que você quer ensinar para a criança, levando em consideração a personalidade e a idade dela. Limites demais prejudicam o desenvolvimento, reduzindo suas experiências, descobertas e possibilidades de aprendizado com autonomia, entre outras questões. Da mesma forma, a ausência de limites também ocasiona problemas, pois a criança pode se sentir insegura diante da falta de regras, sendo a única responsável por suas atitudes, pode fazê-la acreditar que pode fazer o que quiser, prejudicando seu aprendizado e convívio social, dentre outros fatores.

E em se tratando de limites, é sempre fundamental: ser coerente, não ficar mudando de ideia; haver um consenso entre os cuidadores sobre as regras e permissões; cumprir o que falar, seja sobre a recompensa ou sobre a consequência; ter atenção com as palavras e o modo como se fala (as crianças observam e absorvem tudo); respeitar também as emoções da criança e suas expressões; e manter um equilíbrio emocional e psicológico para poder educar de forma positiva e justa.

O exemplo dos cuidadores enquanto pessoas é de enorme importância. A criança aprende com os gestos, as palavras, os comportamentos que observa. E muitas vezes isso só vai se apresentar quando ela já estiver maior, refletindo em suas escolhas e atitudes. Dar limites é também ser exemplo. Dê amor, seja paciente, ensine, explique, dê atenção, demonstre seus sentimentos, seja honesto (a), e dê limites. Isso serve para as crianças e para os adolescentes, pois a educação familiar não termina na infância.

A adolescência será o tema da coluna na próxima semana. Até lá!

 

Ana Claudia Marques – Psicóloga

 

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